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Elon Musk atinge novo marco ao lançar foguete reutilizável

Dana Hull e Julie Johnsson

11/04/2016 15h09

(Bloomberg) -- Foi uma cena que parecia saída de um filme de ficção científica. Um foguete branco em forma de lápis se inclinou para baixo cortando um céu azul com névoa e pousou elegantemente em meio à fumaça. Tudo isso em um barco-drone automatizado nas águas agitadas do Atlântico. Naquele momento, Elon Musk atingiu um novo marco em sua tentativa de dominar o espaço comercial e, um dia, enviar humanos a Marte.

Foi uma semana e tanto para Musk. Dias após a triunfal revelação do mais recente carro elétrico da Tesla, a SpaceX conquistou a internet quando vários milhares de pessoas se sintonizaram para assistir o lançamento do foguete Falcon 9 e, cerca de oito minutos depois, seu espetacular e inédito pouso no mar. No centro de controle de missão da empresa em Hawthorne, na Califórnia, uma multidão de funcionários explodiu em aplausos. O presidente dos EUA, Barack Obama, e Buzz Aldrin, astronauta da missão Apollo que caminhou na Lua há cerca de meio século, foram alguns dos primeiros a enviar os parabéns, que chegaram de todo o mundo.

Com suas características bravatas, Musk logo fez coro: "Os ingressos para os hotéis orbitais, para a Lua e para Marte custarão muito menos do que as pessoas imaginam", escreveu no Twitter.

Exagero ou não, poucos podem negar a importância simbólica do momento que anunciou uma nova era de foguetes acessíveis e reutilizáveis e ao mesmo tempo recuperou o entusiasmo e o drama das filmagens na Lua e das primeiras idas ao espaço, uma geração atrás.

Novata atrevida

"Este é o visual dramático da nova era espacial", disse Marco Cáceres, analista sênior da consultoria Teal Group em Fairfax, Virgínia, nos EUA. "A Nasa vem tentando recriar a empolgação da era Apollo. Elon Musk acaba de conseguir isso".

Há muito considerada uma novata atrevida que beliscava os calcanhares de gigantes aeroespaciais consolidadas, a Space Exploration Technologies Corporation chega aos 14 anos após sua fundação por Musk com a elevada -- e irreal, dizem muitos -- meta de revolucionar as naves espaciais e colonizar Marte. Deixando as viagens ao planeta vermelho de lado, a SpaceX está perto de se tornar dominante no negócio da carga útil. A empresa planeja realizar 18 missões neste ano, o triplo do número de 2015.

Trata-se de uma meta altamente ambiciosa em um setor conhecido pelos atrasos e pelos contratempos. E o lançamento de sexta-feira -- para abastecer a Estação Espacial Internacional -- foi apenas o terceiro deste ano. Contudo, se a SpaceX atingir seu objetivo, mandará mais foguetes ao espaço do que qualquer uma de suas concorrentes dos EUA, da França, da Rússia e da China e atingirá um ritmo de lançamentos que não se vê desde o fim da Guerra Fria.

Pouso em drone

O lançador de foguetes que pousou no barco-drone na sexta-feira será levado a um porto e testado em terra; se tudo sair bem, ele poderá voar novamente já em junho. A expectativa de Musk é que no segundo semestre deste ano a SpaceX lance -- e recupere -- foguetes a cada duas ou três semanas.

"Nosso sucesso se concretizará, ironicamente, quando a coisa ficar chata", disse Musk em entrevista coletiva com a Nasa, na sexta-feira. "Ou seja, quando disserem 'ah, outro pouso, OK, nenhuma novidade'".

Esse será um dia ruim para concorrentes como a europeia Arianespace, que opera o Ariane 5, e a United Launch Alliance, uma joint venture da Boeing e da Lockheed Martin. Elas estão lutando para igualar os custos mais baixos da SpaceX e a vibração acelerada do Vale do Silício. Os foguetes reutilizáveis, antes ridicularizados pelas operadoras estabelecidas, e classificados como um delírio, agora estão no topo da agenda de todos.

O custo de um lançamento do Falcon 9 é de US$ 61,2 milhões, segundo o website da empresa. As empresas de lançamento estabelecidas levarão anos para igualar os custos de lançamento da SpaceX. O preço de lançamento de um foguete Atlas V, da ULA, que não é reutilizável, era de US$ 184 milhões há dois anos. A ULA conseguiu reduzir esse preço em um terço até aqui, mas o valor será de, no mínimo, US$ 100 milhões pelo menos até 2019.