Nomura corta operações e se concentra na Ásia, dizem fontes
(Bloomberg) -- Até dezembro, o CEO da Nomura Holdings, Koji Nagai, fechava aquisições e falava em contratar banqueiros experientes nos EUA. Depois disso, veio um primeiro trimestre que os bancos de investimentos vão querer esquecer.
Os mercados oscilaram, as taxas de juros negativas prejudicaram os lucros e Nagai foi obrigado a inverter o rumo bruscamente. A Nomura está abandonando grande parte das operações de ações europeias, medida que, combinada com as reduções realizadas na América do Norte, poderia afetar cerca de 1.000 empregos, disseram pessoas informadas sobre o assunto nesta terça-feira.
A brusca mudança de rumo de Nagai ocorre após anos de idas e vindas nas expansões da Nomura no exterior e mostra quantas dificuldades a instabilidade dos mercados e as regras mais rígidas impuseram aos bancos de investimentos. Empresas como Credit Suisse e Barclays estão cortando postos de trabalho ou deixando algumas áreas definitivamente em um momento em que a necessidade de preservar capital força os CEOs a reavaliarem em quais setores podem permanecer.
"A tendência maior aqui é os bancos se consolidarem novamente em seus mercados domésticos, onde são mais fortes e têm maior presença", disse Jonathan Chng, analista sênior da East & Partners em Cingapura. "Após a crise do Lehman, os bancos expandiram rapidamente suas operações. Agora, com regras cada vez mais rigorosas sendo aplicadas ao setor financeiro, eles precisam planejar o próximo passo cuidadosamente".
Ações sobem
A Nomura fechará o setor de pesquisa, vendas e subscrição de ações europeias, segundo uma das pessoas. A empresa disse em um comunicado, nesta terça-feira, que encerrará determinados setores na Europa e "racionalizará" alguns segmentos de suas operações nas Américas. A empresa com sede em Tóquio informou que fornecerá mais detalhes sobre as mudanças na divulgação dos lucros, em 27 de abril.
As ações da Nomura, que perderam um terço de seu valor neste ano até segunda-feira, subiram 7,4 por cento em Tóquio nesta terça-feira, maior alta em quase dois meses.
"Os investidores veem de forma positiva o fato de o banco estar se concentrando na Ásia e reduzindo seus negócios na Europa e nos EUA", disse Naoki Fujiwara, gerente de fundos da Shinkin Asset Management em Tóquio.
O recuo de Nagai ocorre quase oito anos depois de a Nomura comprar as operações do Lehman Brothers na Europa e na Ásia. A unidade europeia do banco foi a que mais gerou prejuízos desde que a empresa registrou lucro antes de impostos no exterior pela última vez, em 2010.
O banco projeta que sua corretora internacional registrará lucro neste ano financeiro após os cortes, disseram pessoas informadas sobre o assunto.
"Desde o segundo semestre do ano passado, os mercados globais têm experimentado uma volatilidade extrema e um declínio significativo da liquidez, desencadeados pela maior incerteza na economia global", disse a empresa japonesa.
A empresa continuará oferecendo serviços de execução de ações para papéis europeus por meio de sua plataforma Instinet, segundo uma das pessoas. A Nomura informou no comunicado que continuará comprometida com as "ofertas dos principais clientes" nas Américas e que sua plataforma na região Ásia-Pacífico não será afetada pelas mudanças.
A Nomura manterá cerca de 200 profissionais no continente trabalhando em ações não europeias, segundo duas pessoas informadas sobre o assunto. Eles focarão na negociação de produtos, incluindo ações asiáticas, com clientes europeus, disseram as pessoas.
Objetivo adiado
A Nomura contava com 3.433 funcionários na Europa e com 2.501 nas Américas em 31 de dezembro. Em fevereiro, Nagai adiou a meta de recolher 50 bilhões de ienes (US$ 462 milhões) em lucros antes de impostos no exterior. A empresa poderá demitir cerca de 20 por cento de seus funcionários na América do Norte, disseram pessoas informadas sobre a situação no mês passado.
A Nomura divulgou um prejuízo antes de impostos de 50,6 bilhões de ienes em suas operações europeias no período de nove meses até 31 de dezembro. Sua classificação em subscrição de ofertas de ações na Europa caiu para o 50º lugar até esta altura do ano após estar na 19ª posição em todo o ano de 2015, segundo dados compilados pela Bloomberg.
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