Títulos excluídos por compra BCE alcançam rendimentos superiores
(Bloomberg) -- Desde que Mario Draghi anunciou planos para começar a adquirir dívida corporativa na Europa, os maiores ganhadores do mercado são títulos que ele não comprará.
Os ganhos para as notas denominadas em euros emitidas por empresas estrangeiras aceleraram neste mês e agora apresentam rendimento superior ao dos papéis de empresas da zona do euro desde a declaração de Draghi no dia 10 de março. Ambos os tipos deram um salto depois que o Banco Central Europeu disse que começaria a comprar dívida emitida por empresas com sede na zona da moeda única.
O rali para os títulos tem sido alimentado pela especulação de que uma avalanche de aquisições do BCE levará os investidores a abandonar a dívida corporativa local por notas estrangeiras, segundo analistas do ING Groep e da Mitsubishi UFJ Securities International. A dívida de fora da zona do euro também oferece yields mais altos.
"O efeito de deslocamento continuará sendo enorme", disse Jeroen van den Broek, diretor de estratégia de crédito e pesquisa do ING para mercados desenvolvidos em Amsterdã. "E se você estiver procurando um pequeno diferencial, as empresas de fora da zona do euro continuam fornecendo mais que os nomes europeus".
O BCE planeja começar a comprar dívida com grau de investimento emitida por empresas não bancárias por volta do fim do atual trimestre. O total de aquisições poderia ser de cerca de 4,5 bilhões de euros (US$ 5 bilhões) por mês, ou 54 bilhões de euros por ano, com base na mediana de quatro estimativas compiladas pela Bloomberg. As empresas da zona do euro venderam 105 bilhões de euros em dívida com grau de investimento no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Um porta-voz do BCE, com sede em Frankfurt, não quis comentar o tamanho das aquisições planejadas.
GE, AT&T
Os títulos denominados em euros de empresas estrangeiras como General Electric, AT&T e BP tiveram retorno de 1,7 por cento desde o dia do anúncio de Draghi, com base em dados de índices do Bank of America Merrill Lynch. A taxa se compara com 1,6 por cento das notas locais.
As notas estrangeiras rendem em média 1,12 por cento frente a 1,02 por cento para a dívida local em euros, mostram os dados. Normalmente, os investidores exigem um prêmio por possuir dívida não doméstica. A brecha poderia se ampliar porque as aquisições do BCE poderiam deprimir os rendimentos sobre as notas da zona do euro, disse Lars Dueser, analista de crédito da Mitsubishi UFJ Securities.
Um risco para as notas não locais é que os custos baixos do crédito da região possam provocar uma avalanche de emissões e pressões sobre os preços. A FedEx, a Fomento Económico Mexicano e a Fluor venderam seus primeiros papéis denominados em euros desde o anúncio do BCE.
Preferir bonds estrangeiros também poderia fazer com que os investidores percam uma possível disparada dos preços da dívida de emissão local se o BCE implementar mais medidas, disse Paola Binns, gerente de carteira da Royal Asset Management, que administra cerca de 86 bilhões de libras (US$ 120 bilhões).
"Os bancos centrais têm muita flexibilidade e poder", disse ela. "É perigoso jogar contra as medidas deles".
Colapso
O BCE começou a comprar títulos com garantias hipotecárias em 2009. A média de yields despencou de cerca de 4 por cento antes da crise financeira de 2008 para 0,2 por cento, com base em dados de índices do Bank of America Merrill Lynch. Agora, o banco central é dono de cerca de um terço do mercado, segundo Joost Beaumont, estrategista de renda fixa do ABN Amro Bank. Os títulos têm garantia do emissor e um conjunto de ativos designado.
Os investidores que antecipam efeitos similares no mercado de dívida corporativa já ajudaram a impulsionar os preços para as notas com probabilidades de se qualificar para serem adquiridas pelo BCE. Isso está fazendo com o que a administradora de recursos Saida Eggerstedt considere mais favoravelmente os papéis não locais do que as notas de empresas da zona do euro.
"As empresas não financeiras da zona do euro parecem bastante caras", disse Eggerstedt, que ajuda a administrar cerca de 29 bilhões de euros em títulos corporativos na Deka Investment em Frankfurt. "Grande parte dos ganhos projetados nas avaliações já foi precificada".
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