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Com estímulos, Draghi pode argumentar que copo está meio cheio

Piotr Skolimowski e Jeanna Smialek

21/04/2016 10h25

(Bloomberg) -- Se Mario Draghi quiser dizer ao mundo que os estímulos do Banco Central Europeu estão funcionando, ele poderia até ter algumas evidências para comprovar isso.

Sem a expectativa de novas medidas na reunião de política monetária desta quinta-feira, o presidente do BCE poderá usar sua entrevista coletiva para apontar sinais de que os juros negativos, os empréstimos bancários gratuitos e um programa de compra de bonds de 1,7 trilhão de euros (US$ 1,9 trilhão) devem bastar para reanimar a inflação da zona do euro. As expectativas de preço ainda são fracas, mas indicadores como o desemprego e o diferencial do produto dão a ele um argumento mais convincente.

"Draghi pode encontrar consolo na resiliência da economia real", disse Gilles Moec, economista do Bank of America Merrill Lynch em Londres. "As medidas adicionais anunciadas em março também devem começar a funcionar gradualmente".

A taxa de desemprego da zona do euro atingiu o nível mais baixo em mais de quatro anos em fevereiro, de 10,3 por cento. Embora ainda seja mais de duas vezes maior que a taxa dos EUA e esconda níveis mais elevados em estados-membros periféricos, como a Espanha, o desemprego está caindo mais rapidamente do que o previsto pelos economistas. De fato, está perto de eliminar o aumento registrado desde o início da crise da dívida, que quase dissolveu a zona da moeda comum.

Em uma pesquisa da Bloomberg, economistas previram que a taxa básica será mantida em zero e a taxa de depósito, em menos 0,4 por cento. Ambas as taxas foram cortadas na última reunião, em março, e as aquisições de títulos foram aumentadas em um terço, para 80 bilhões de euros ao mês.

Ressaltando os desafios globais enfrentados pelos bancos centrais para tentar reacender a inflação, o banco central da Suécia disse nesta quinta-feira que comprará mais títulos de dívida para reduzir os yields mais longos. O Riksbank manteve sua taxa repo de referência em menos 0,5 por cento.

Impacto rápido

Draghi tem o costume de afirmar que suas medidas monetárias estão tendo um impacto rápido. Em março de 2015, ele disse que um pacote que incluía a flexibilização quantitativa anunciada por ele seis semanas antes já estava provocando um efeito positivo sobre as condições de crédito --antes de as aquisições de títulos sequer terem começado.

A Pesquisa de Empréstimos Bancários do BCE, publicada na terça-feira, sugere que as condições para empréstimos a empresas ainda estão se atenuando. A demanda por créditos corporativos no último trimestre foi destinada parcialmente aos investimentos, um critério fundamental para que a recuperação do bloco monetário formado por 19 países continue.

As condições de crédito poderão se tornar ainda mais flexíveis à medida que certos aspectos do último pacote de estímulo do BCE forem implementados. Um segundo programa de crédito de longo prazo para bancos, conhecido como TLTRO-2, deverá começar em junho e poderia fazer com que os bancos sejam pagos para tomar dinheiro do banco central e emprestá-lo na economia real. O mercado de dívida corporativa deverá ganhar impulso quando o BCE comprar esses títulos por meio da flexibilização quantitativa. O programa está marcado para começar no final do segundo trimestre e muitos dos detalhes técnicos ainda não foram anunciados.

Ambiente externo

"Este é sem dúvida o argumento de que parte da resiliência da Europa e o fato de que fomos capazes de compensar o ambiente externo lento se devem ao sucesso do BCE na desvalorização da moeda e na flexibilização das condições financeiras", disse James Nixon, economista da Oxford Economics em Londres. "Esperamos um crescimento bastante sólido no primeiro trimestre".

O euro era negociado com pouca oscilação, a US$ 1,1309, às 12h57 pelo horário de Frankfurt. Apesar esteja perto de seu valor mais alto em seis meses, a moeda continua abaixo de quase US$ 1,40, valor alcançado há dois anos, pouco antes de o BCE iniciar sua política de juros negativos.

Os números de crescimento econômico que serão divulgados nas próximas semanas provavelmente revelarão o 12o trimestre seguido de expansão, que continua diminuindo o diferencial entre a produção real e potencial da zona do euro.