Análise: Computadores ocupam espaço na gestão financeira
(Bloomberg) -- Ser gerente de hedge fund era o tipo de trabalho que se fazia depois de uma vida estressante no setor bancário. Agora, além de haver menos papéis desse tipo, eles estão mais exigentes do que nunca.
Sem dúvida, o mundo da gestão financeira está mudando completamente à medida que os investidores percebem que as estratégias de gestão passiva são mais baratas e, muitas vezes, dão resultados melhores.
Isso fez com que bilhões fossem retirados dos hedge funds, que vêm fechando em grandes números. Brevan Howard Asset Management é o caso mais recente: os investidores pediram para extrair cerca de US$ 1,4 bilhão do principal hedge fund da empresa, disseram fontes a par do assunto.
Globalmente, o setor observou a retirada de US$ 15 bilhões líquidos entre janeiro e março, o que reduziu os ativos administrados de US$ 2,9 trilhões para US$ 2,86 trilhões, disse a Hedge Fund Research no início do mês. Na Ásia, os investidores resgataram US$ 2,9 bilhões no primeiro trimestre, o máximo em sete anos, de acordo com dados da eVestment.
O sofrimento não se restringe aos hedge funds. Os fundos mútuos, especialmente aqueles que se declaram de gestão ativa, também estão sofrendo. Um dos exemplos mais extremos foi o colapso e a decisão subsequente em dezembro do Focused Credit Fund, da Third Avenue, de interromper os resgates.
O sofrimento se espalhou da Blackstone à Pimco e à Franklin Templeton à medida que os investidores passaram para gestores como a Vanguard e a fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês), que tendem a cobrar tarifas mais baixas e a adotar principalmente estratégias passivas.
Na categoria de títulos tributáveis, o recorde de 27% do dinheiro em fundos mútuos e em ETFs foi administrado passivamente até o dia 31 de março, em contraste com 20% no fim de 2013, mostram dados da Morningstar.
Tudo isso gerou muito exame de consciência, além de cortes de custo, em algumas das maiores administradoras de recursos do mundo. A Janus Capital reportou nesta semana uma queda de 21% nos lucros do primeiro trimestre porque as perdas no mercado afetaram os ativos sob gestão.
A BlackRock pretende eliminar cerca de 400 postos de trabalho, o equivalente a 3% de sua força de trabalho, disseram fontes familiarizadas com o assunto, porque o lucro do primeiro trimestre caiu 20%.
Como não há previsão de que as margens engordem em breve, qualquer onda de contratações seria um erro.
É mais provável que os investimentos sejam feitos em software antes que novas contratações ocorram. Isso provavelmente significa que os estudantes de Ciência da Computação terão um futuro melhor no setor financeiro do que quem estuda Administração, algo que já acontece no setor bancário, onde novas tecnologias estão tornando muitos trabalhos obsoletos.
Os executivos do setor bancário que acham que poderão voltar a conseguir lugares confortáveis na gestão de investimentos deveriam analisar a tecnologia financeira, conhecida como fintech. Trata-se de um setor de crescimento que poderia aproveitar alguns de seus conhecimentos. Nesse ritmo, os hedge funds não vão precisar deles.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.
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