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Mercados da China e do Japão estão entre os de pior desempenho global

Kana Nishizawa, Yuko Takeo e Anna Kitanaka

28/04/2016 14h32

(Bloomberg) -- Os dois maiores mercados de ações da Ásia estão disputando um prêmio infame.

O índice japonês Topix e o chinês Shanghai Composite caíram mais de 13 por cento em 2016 e estão classificados, junto com as ações da Nigéria e da Mongólia, entre os de pior desempenho do mundo. No período de dois anos até o final de dezembro, os indicadores asiáticos tiveram um desempenho pelo menos 20 pontos percentuais superior ao do indicador global da MSCI. O Banco do Japão (BOJ, na sigla em inglês) manteve sua política monetária nesta quinta-feira, provocando uma queda das ações em Tóquio, e o índice de Xangai atingiu o menor valor em um mês.

Os índices de referência de dois dos maiores mercados acionários do mundo, que têm um valor combinado de quase US$ 11 trilhões, estão em queda em um momento em que os investidores detectam um reduzido apetite dos bancos centrais pela ampliação dos estímulos monetários. A decisão de quinta-feira do BOJ foi a primeira adotada sob o comando do presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, na qual a maioria dos economistas esperava uma flexibilização que não se concretizou. Os estrategistas agora preveem que o banco central da China manterá sua principal taxa de juros estável até o quarto trimestre.

"A China e o Japão não possuem um plano sólido para lidar com a desaceleração de suas economias", disse Tomomi Yamashita, gerente de fundos da Shinkin Asset Management. "Ainda há margem para flexibilização e, no caso do Japão, há políticas fiscais que eles podem implementar. Ainda há esperanças. Mas hoje havia esperanças demais depositadas no BOJ".

Decisão do BOJ

O Topix caiu 3,2 por cento nesta quinta-feira depois que o banco central manteve a compra de títulos, as taxas de juros e as aquisições dos fundos negociados em bolsa inalteradas. O índice acionário caiu quatro dias seguidos, gerando prejuízos a investidores estrangeiros que acumularam o equivalente a US$ 4,9 bilhões no mercado na semana passada, maior volume em um ano. Os traders internacionais foram vendedores líquidos de ações japonesas nas 13 primeiras semanas de 2016.

"Eu desisto", disse Ryuta Otsuka, estrategista da Toyo Securities em Tóquio, por telefone, após a decisão do BOJ. "Foi um resultado realmente decepcionante e dá vontade de jogar a toalha. Dói porque tínhamos muita esperança".

O Topix registrou quatro ganhos anuais seguidos até 2015, e nem mesmo a queda de US$ 5 trilhões das ações chinesas no verão passado puderam impedir o Shanghai Composite de registrar o melhor desempenho do mundo entre os grandes mercados nos últimos dois anos. Os declínios de ambos os indicadores em 2016 contrastam com o avanço de 2,5 por cento do índice Standard & Poor's 500, que está se aproximando do recorde do ano passado.

O Shanghai Composite perdeu 0,3 por cento nesta quinta-feira e caminha para o terceiro prejuízo mensal neste ano. O índice apresenta queda de 17 por cento em 2016, a maior entre os índices globais, após subir 67 por cento nos dois anos anteriores.

O iene subia 2,9 por cento, para 108,31 por dólar, às 16h53 em Tóquio, rumo a seu maior avanço diário desde agosto, quando a desvalorização surpresa da China ao yuan gerou oscilações nos mercados globais. A moeda japonesa registrou uma valorização de mais de 10 por cento em relação ao dólar neste ano, mesmo depois de Kuroda colocar as taxas de juros abaixo de zero, em janeiro.

"O Japão tem problemas com um iene forte demais", disse Khiem Do, chefe de estratégia de multiativos da Baring Asset Management em Hong Kong. "O baixo desempenho da China é esperado. Ainda há preocupação quanto à força do renminbi e de que as taxas reais ainda estejam altas demais. O Japão é uma surpresa. Não esperávamos que o iene chegasse a 108".