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Hedge funds enfrentam volatilidade em busca de retorno na Rússia

Elena Popina

16/05/2016 12h14

(Bloomberg) -- Os ativos russos, que estão entre os mais voláteis do mundo, estão dando aos gerentes de hedge funds os melhores retornos em mercados emergentes.

Fundos com foco geográfico no país ganharam em média 29% desde o começo de 2015, mais do que quaisquer outros orientados para os principais países em desenvolvimento, segundo a eVestment, que acompanha o setor.

A taxa é oito vezes maior do que para os fundos focados na China e 16 vezes o retorno das companhias que investem na Índia. O índice MSCI Russia subiu 17% durante o mesmo período.

O desempenho dos mercados financeiros da Rússia está estreitamente ligado ao preço do petróleo, o maior produto de exportação do país. Muitos gerentes de fundos tradicionais fugiram do mercado acionário, que nos últimos dezesseis meses oscilou entre o melhor desempenho mensal do mundo e perdas de dois dígitos.

A moeda afundou 68% porque o petróleo Brent despencou e atingiu o preço mais baixo desde 2003. Os hedge funds, que têm menos restrições e podem utilizar estratégias de investimento mais arriscadas para amplificar os retornos, prosperaram nesse ambiente.

"Não há muitos lugares no mundo onde é possível obter os retornos que podem ser obtidos na Rússia", disse Albin Rosengren, sócio da East Capital Group, empresa de investimento que administra cerca de US$ 2,5 bilhões em ativos, em entrevista por telefone de Dubai na semana passada.

"Os investidores abandonaram a Rússia no ano passado porque havia muita incerteza no mercado e eles estão entrando neste ano porque a Rússia parece atraente. Para nós, a Rússia foi um bom investimento tanto em 2015 quanto em 2016".

Recessão

A Rússia, o maior exportador de energia do mundo, está atolada no segundo ano de recessão porque o preço do petróleo caiu para metade de sua média de cinco anos, o que aumenta o impacto das sanções relativas ao conflito com a Ucrânia.

Projeta-se que o PIB terá contração de 1,4% neste ano, segundo a estimativa média de 44 economistas consultados pela agência de notícias Bloomberg. Com 40%, a volatilidade histórica de noventa dias do índice RTS é a mais alta do mundo, mostram dados compilados pela Bloomberg.

"A situação para investir na Rússia ficou tão ruim que, basicamente, ela só poderia melhorar", disse Michael O'Flynn, que acompanha os mercados do país desde a década de 1990 e atualmente é sócio administrativo da Chroate Bridge Global Advisors, que assessora hedge funds. "É tudo questão de simples movimentos harmônicos".

Recentemente, o segundo maior rali cambial nos mercados emergentes e uma recuperação do petróleo têm levado os estrategistas do JPMorgan a se unir aos colegas de vários bancos, como Bank of America, Wells Fargo e UBS, e aconselhar que os clientes comprem os ativos do país.

Mattias Westman, fundador da Prosperity Capital Management em Londres, que administra cerca de US$ 2,6 bilhões em ativos da Rússia e de antigas repúblicas soviéticas, tem sido otimista em relação ao mercado mesmo quando muitos gerentes de ativos se mantinham afastados.

"Havia muitos temores em relação ao mercado e à economia da Rússia e, quando esses medos diminuíram, as pessoas começaram a prestar atenção aos fundamentos das empresas na Rússia e a ver que o mercado poderia avançar muito", disse Westman em entrevista por telefone de Londres na semana passada.

"A volatilidade não é algo a se temer quando você sabe exatamente o que está fazendo".