Êxodo de trabalhadores dos países bálticos se aproxima do fim
(Bloomberg) -- O fluxo de trabalhadores procedentes dos países bálticos após o fim do comunismo pode estar chegando ao fim.
Os dados mais recentes da Estônia mostram que no ano passado a imigração foi maior do que a emigração, pela primeira vez desde que o país de 1,3 milhão de habitantes reconquistou a independência em 1991. A Lituânia e a Letônia continuam registrando um fluxo de saída, porém a dinâmica de salário e emprego da Estônia aponta a uma mudança nos três países da região báltica.
"O aumento salarial está mantendo as pessoas aqui e o estado do mercado de trabalho está atraindo imigrantes", disse Heido Vitsur, economista da LHV Pank em Tallinn, capital da Estônia. "A Letônia e a Lituânia devem seguir esse exemplo no futuro, mas, como os níveis salariais desses países continuam bastante baixos, especialmente fora das capitais, essa mudança não será iminente".
A partida dos soldados russos após a queda da União Soviética reduziu a população dos países bálticos. Mais tarde, a entrada na União Europeia - com a liberdade de circulação - e a recessão provocaram um êxodo de trabalhadores em busca de salários mais altos. Fatores demográficos também afetaram os três países, que atualmente pertencem à zona do euro, à medida que a proporção de idosos aumentou.
Após um período de austeridade provocado pela crise financeira mundial de 2008, as três economias bálticas agora estão crescendo a um ritmo maior do que o da UE como um todo. O salário médio da Estônia aumentou 23% desde 2012, mas ainda continua sendo 40 por cento inferior à média do bloco europeu. O desemprego caiu de quase 20% há seis anos para 6,5%, sendo que a taxa na zona do euro continua em 10,3%.
O aumento dos salários está atraindo de volta os estonianos que haviam ido a destinos populares como a Finlândia, do outro lado do Mar Báltico. Ao mesmo tempo, a crescente falta de trabalhadores qualificados está pressionando o governo a aliviar as rígidas normas de migração: imigrantes provenientes da Rússia e da região de conflito da Ucrânia totalizaram 16 por cento no ano passado, mas a opinião pública em toda a região se mostra hostil à possibilidade de acolher refugiados da Síria.
As estatísticas migratórias da Estônia poderiam estar subestimando o atrativo do emprego em outros países, porque muitos estonianos vão para a Finlândia todas as semanas para trabalhar. Os letões e os lituanos tendem a ir ainda mais longe em busca de emprego, a países como o Reino Unido e a Noruega, o que torna mais difícil a mudança de tendência.
O panorama em toda a região báltica vai melhorar à medida que suas minorias que falam russo reduzirem as barreiras idiomáticas para os imigrantes vindos da Ucrânia, de acordo com Rokas Grajauskas, economista-chefe para a região dos países bálticos do Danske Bank em Vilnius, capital da Lituânia.
"Mais cedo ou mais tarde a tendência da Estônia vai se estender", disse ele. "Os fatores econômicos são fundamentais para a emigração. Com um crescimento salarial contínuo e uma falta de mão de obra cada vez maior, as tendências negativas vão se reverter".
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