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Atraso em trem automatizado de minério da Rio Tinto gera dúvidas

David Stringer e Rebecca Keenan

17/06/2016 14h12

(Bloomberg) -- Criar os maiores robôs móveis do mundo para transportar minério de ferro ao longo da vasta região desértica da Austrália conhecida como Outback está sendo mais complexo e demorado que o estimado pela Rio Tinto, o que gera dúvidas sobre a capacidade dessa tecnologia de proporcionar os retornos prometidos em um momento em que as maiores concorrentes estão adiando investimentos semelhantes.

A Rio Tinto, que lucra mais com o minério do ferro do que com qualquer outra coisa, já registra dois anos de atraso no cronograma da iniciativa de US$ 518 milhões para empregar trens automatizados em seus 1.700 quilômetros de ferrovia.

Embora o sistema tenha sido desenvolvido para economizar dinheiro ao expandir a capacidade e reduzir os custos com mão de obra, os atrasos têm feito a mineradora reduzir as projeções de produção e colocaram em dúvida a viabilidade do projeto, segundo o Deutsche Bank.

"Foi subestimado o trabalho mecânico que precisávamos fazer em comparação com a realidade", disse Andrew Harding, CEO da unidade de minério de ferro da Rio Tinto, em entrevista, em 3 de junho, em Perth. "A segunda questão é avançar cuidadosamente implementando as diversas atualizações de software à medida que avançarmos". Ele preferiu não especificar quando o programa poderá ser concluído, mas disse não ter dúvidas quanto ao término.

Risco do investimento

A BHP Billiton, que sugeriu em 2014 que poderia começar a usar trens automatizados, não tem "planos imediatos de adotar trens autônomos", disse a empresa, em comunicado enviado por e-mail, acrescentando que está focada em melhorias nas sinalizações e nas comunicações sem fio.

A nova operação Roy Hill da bilionária Gina Rinehart, avaliada em US$ 10 bilhões, ainda não determinou se os retornos da tecnologia compensam o risco do investimento, e a Fortescue Metals Group disse em comunicado enviado por e-mail que "não tem planos de introduzir" os trens automatizados.

A Rio Tinto, que tem sede em Londres, disse em 2012 que seu projeto de trem automatizado seria concluído em 2014, inaugurando comboios de 2,3 quilômetros de comprimento que essencialmente seriam os maiores robôs móveis do mundo, supervisionados por um centro operacional a cerca de 90 minutos de voo, em Perth.

A produtora projetou em setembro que o trabalho seria concluído em meados de 2016 e diz que ele dará à Rio Tinto uma década de vantagem competitiva sobre suas rivais que não contam com a tecnologia.

A automatização da ferrovia da Rio Tinto permitirá que a produtora recupere duas horas de tempo de operação por trem por dia ao eliminar a necessidade de parar para trocar de maquinista.

Além disso, ajudará a expandir a capacidade da empresa sem a necessidade de investir em mais locomotivas ou vagões e reduzirá os custos com energia, segundo a empresa. A Rio Tinto não estabeleceu estimativas específicas de economia. O sistema poderia acabar reduzindo as despesas salariais com maquinistas pela metade, segundo uma estimativa de 2013 do Credit Suisse.

 

--Com a colaboração de Adam Haigh