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Análise: China precisa deixar de viver no momento e amadurecer

Christopher Langner

22/06/2016 13h01

(Bloomberg) -- A China tem um problema de maturidade.

As empresas da maior economia da Ásia estão vivendo apenas o presente, com 4,3 trilhões de yuans (US$ 653 bilhões) em títulos em moeda local vendidos neste ano com vencimento em um ano ou menos. Enquanto isso, o ICBC e o Banf of China ampliaram os empréstimos com vencimento em 12 meses a um ritmo duas vezes mais rápido que o de outros créditos.

Isto apresenta alguns problemas. No caso das empresas, dificuldades financeiras brandas podem se transformar em falência muito mais cedo, especialmente em um ambiente de desaceleração econômica. No caso dos bancos, o risco de liquidez pode estar sendo subestimado.

Os credores chineses estão se concentrando mais em empréstimos de curto prazo em parte devido às regulações globais, que forçaram os bancos a manterem seus ativos e passivos mais alinhados. A exigência do índice de liquidez de longo prazo debatida pelo Banco de Compensações Internacionais em 2010 levou instituições financeiras de todo o mundo a vender títulos de longo prazo para poder emprestar por um período maior de tempo ou reduzir a duração de seus títulos. A maior parte do dinheiro que termina em empréstimos na China provém de depósitos, que são considerados de curto prazo.

Nesse sentido, os bancos estão fazendo a coisa certa. O problema, contudo, está do lado corporativo. A maior parte dos estudos de gerenciamento de risco de liquidez presume que os empréstimos serão quitados quando vencerem. Os bancos não calculam quanta liquidez será exigida se houver muitos calotes.

Ainda não houve um tsunami de pagamentos não efetuados. Mas o número de empresas com problemas financeiros já atingiu um recorde. Muitos calotes se deram em notas de curto prazo e pode haver mais problemas pela frente depois que a queda do mercado de dívidas, em abril, fez com que as vendas de notas promissórias de 12 meses atingissem o menor patamar em pelo menos quatro anos neste trimestre. Se isso se repetir, poderá gerar reflexos em toda a economia. Para colocar um número a isso, basta dizer que as corporações não financeiras da China possuem cerca de 5,1 trilhões de yuans em empréstimos de curto prazo.

Os pessimistas em relação à China continuam procurando a rachadura que fará com que a economia desmorone. Os títulos de curto prazo são muitas vezes considerados seguros, mas quando o mercado paralisou nos EUA, em 2008, as falências dos bancos aceleraram.

Pequim tende a ser orgulhar de sua capacidade de adotar uma visão de longo prazo para o mundo e fazer planos de acordo com ela. Com uma falta de visão cada vez maior por parte das empresas e dos bancos do país, talvez seja prudente que os órgãos reguladores adotem uma visão mais de curto prazo também.

Essa coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.