Caos da Venezuela leva China a reavaliar empréstimo à África
(Bloomberg) -- O risco de que a Venezuela dê calote na dívida chinesa está pressionando Pequim a reavaliar a facilidade com que entrega dinheiro aos países dependentes de commodities, especialmente aos da África.
Em momentos em que os preços baixos do petróleo estão devastando a economia da Venezuela e o combalido presidente Nicolás Maduro busca melhores condições para os empréstimos chineses, a China está prestando mais atenção a aspectos como a estabilidade fiscal e os riscos políticos nos empréstimos a outros países.
Uma análise mais minuciosa poderia complicar a promessa do presidente Xi Jinping de distribuir US$ 60 bilhões de ajuda em toda a África durante os próximos três anos, principalmente na forma de empréstimos preferenciais e investimentos financiados pelo Estado em países muito dependentes da exportação de recursos e propensos à instabilidade.
"Com o caso da Venezuela aprendemos que a China deve ser mais cautelosa e minuciosa em seus empréstimos e investimentos em outros países", disse Xue Li, diretor de estratégia internacional do Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais, que é estatal. "Em comparação com a América Latina, a África tem mais importância estratégica para a China e haveria mais coisas em jogo se algo der errado".
Empréstimos
Mais de US$ 86 bilhões em empréstimos à África Subsaariana entre 2000 e 2014 ajudaram a China a construir um enorme poder diplomático e a garantir matérias-primas para alimentar seu boom econômico. O colapso venezuelano salientou os perigos desse modelo de financiamento, em um momento em que Xi reforça a aceleração do investimento chinês em todo o mundo.
Uma maior seletividade com os empréstimos tornaria mais difícil para a China usar essa ajuda para fortalecer sua posição geopolítica. Definir condições mais rigorosas para os países que obtêm assistência seria abandonar a estratégia irrestrita que tornou a China uma alternativa atraente em comparação com os benfeitores ocidentais e sustentou acordos lastreados por recursos em lugares como Angola, Gana, Sudão e também a Venezuela.
Muitos desses países têm sido fortemente afetados pela queda dos preços das matérias-primas no mundo todo em um momento em que a economia da própria China desacelera. Os preços continuam nos patamares mais baixos em 15 anos. Um barril de petróleo é negociado em torno de US$ 48, menos da metade do que custava em 2014.
"A China tem mais experiência agora", disse Lin Boqiang, diretor do Centro de Pesquisas Econômicas em Energia da Universidade de Xiamen e assessor da Administração Nacional de Energia da China. "Agora ela leva em consideração um índice de risco ao tomar decisões de financiamento. É mais cuidadosa com as condições dos empréstimos, analisa a avaliação dos projetos de investimento e também a segurança política dos países receptores, porque grande parte da incerteza vem da instabilidade política".
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