Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Fundos de pensão dos EUA apostam em taxa de juro baixa

Brian Chappatta

06/07/2016 14h27

(Bloomberg) -- O Bank of America projeta que a indústria de pensão empresarial dos EUA, de US$ 3 trilhões, está jogando fora seus pressupostos sobre a taxa de juros.

E isso significa que os planos de aposentadoria provavelmente coloquem mais dinheiro nos títulos do Tesouro dos EUA.

Mesmo com os rendimentos em valores mínimos recordes, Shyam Rajan, diretor de estratégia de taxas do dealer primário para os EUA, diz que as pensões provavelmente adotarão o mantra de que as taxas de juros se manterão baixas por mais tempo e reforçarão o mercado de títulos do Tesouro dos EUA, de US$ 13,4 trilhões.

Com apenas 6% dos ativos nesses títulos, metade do pico registrado na década de 1980, os fundos de aposentadoria se unirão aos compradores que esperam uma forte queda para aproveitar a oportunidade. Essa demanda pronta para agir poderia deprimir mais os rendimentos.

O Bank of America projeta que os rendimentos das notas com vencimento em dez anos caiam de cerca de 1,32% às 8 horas desta quarta-feira em Nova York para 1,25% no fim de setembro.

"Como fundo de pensões, é preciso ter medo de que as taxas possam de fato cair", disse Rajan, que trabalha em Nova York, em uma entrevista. "Há uma sensação de que esse rali das taxas continuará. Se você supunha que as taxas iam voltar a 3 por cento, isso não acontecerá no futuro próximo".

Recordes negativos

Os rendimentos de referência quebraram recordes negativos nesta semana. As notas com vencimento em dez anos caíram para menos de 1,32%. Em seu pico, registrado três décadas atrás, elas superaram 15%.

Para as pensões com benefício definido, as consequências adversas da depressão dos yields são severas porque o fenômeno altera a taxa de desconto aplicada a seu passivo. Quanto mais baixa a taxa for, maiores as obrigações parecem, e mais dinheiro elas precisam contribuir para fechar a lacuna.

Os 100 maiores planos dos EUA enfrentam um déficit conjunto de US$ 401 bilhões e têm 77,5% dos ativos necessários para cumprir as futuras obrigações, segundo dados da Milliman que abrangem até maio. O número se compara com um déficit de US$ 285 bilhões e uma razão financiada de 83,7% 12 meses atrás.

Sinal de confiança

Além disso, o mercado de títulos está insinuando poucos riscos. Nos EUA, uma métrica conhecida como o "prêmio pela maturidade" está no valor sem precedente de -0,61 ponto porcentual para as notas com vencimento em dez anos.

A medida, utilizada pelo Fed na orientação da política econômica, reflete a compensação adicional exigida pelos investidores para preferir dívida com vencimentos mais distantes a valores sucessivos no curto prazo.

O indicador foi positivo durante quase a totalidade dos últimos 50 anos. Mas desde o começo deste ano, ele se converteu em um desconto, fato que sugere que os investidores não projetam nenhuma ameaça no horizonte que aumentaria os rendimentos.

"No cenário mais simples de redução de riscos, os administradores de pensões deixariam de subestimar a percepção de um limite mais baixo para as taxas nos EUA e utilizariam as quedas fortes nas taxas de forma mais enérgica para fechar buracos de duração", disse Rajan em um relatório datado do dia 1 de julho.

Em outras palavras: fundos de pensão, sejam bem-vindos ao clube dos que acreditam que as taxas de juros continuarão baixas.