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Análise: O que o BC dos EUA vai e o que não vai fazer nesta semana

Mohamed El-Erian

25/07/2016 11h57

(Bloomberg) -- Isto é o que provavelmente surgirá da reunião de dois dias que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) terá nesta semana:

1. Apesar de não tomarem nenhuma medida em relação à política da taxa de juros, os membros do banco central dos EUA vão sinalizar a possibilidade de um aumento em algum momento deste ano, talvez até na próxima reunião, na terceira semana de setembro.

2. A atitude aberta dos membros do Fed (Federal Reserve) a um aumento dos juros neste ano refletirá principalmente o conforto que sentem com a saúde do mercado de trabalho, incluindo vários indicadores adicionais das últimas semanas de que os números fracos da geração de emprego em maio foram de fato uma exceção. Por outro lado, a análise da inflação permanecerá essencialmente inalterada.

3. As autoridades do Fed estarão aliviadas pelo fato de os mercados financeiros terem ignorado o surpreendente resultado do referendo sobre a saída britânica da União Europeia. A resposta dos investidores pode até ter sido displicente demais, dada a considerável incerteza sobre o que poderiam ser negociações demoradas e confusas entre o Reino Unido e seus parceiros europeus.

4. A possibilidade de um aumento dos juros em 2016 também é maior devido a um item menos positivo: os membros do Fed admitem que as forças estruturais contrárias estão agravando os obstáculos cíclicos à "decolagem econômica" dos EUA.

5. De qualquer maneira, a abertura do Fed a um aumento continuará sendo condicional porque as autoridades indicam alguns elementos contraditórios nos dados dos EUA e as incertezas gerais enfrentadas pela economia mundial. Obviamente, o banco central também é consciente de que dois importantes relatórios mensais sobre emprego estão programados para antes de sua próxima reunião, em setembro.

6. O Fed certamente terá muito cuidado para não se envolver na eleição presidencial dos EUA, que acontecerá em novembro e provavelmente será conturbada, e é provável que as incertas políticas e geopolíticas globais façam parte do ímpeto das autoridades para reter considerável escolha política neste momento.

O impacto imediato mais provável de tudo isso sobre o mercado será uma nova precificação dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento mais próximo, porque investidores e investidores elevarão um pouco suas expectativas para o caminho de 2016-17 da taxa do Fed.

O que vai acontecer de modo mais amplo nos mercados financeiros dependerá essencialmente de dois outros pontos de dados: se o conjunto de lucros corporativos desta semana também superar as expectativas e, de uma forma mais geral, de quanto os mercados financeiros continuam concentrados nas injeções de liquidez de curto prazo das empresas e dos bancos centrais em vez do impacto mais gradual de fundamentos mornos.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial nem da Bloomberg LP e de seus proprietários.