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Amundi é atraída por título de dívida de mercado emergente

Lilian Karunungan

26/07/2016 13h04

(Bloomberg) -- A maior gestora de fundos da Europa, que administra US$ 1,1 trilhão, planeja colocar mais dinheiro em dívidas dos mercados emergentes que, segundo a empresa, deverão se beneficiar com o adiamento da alta da taxa de juros pelo Federal Reserve até 2017.

A Amundi Asset Management prefere títulos de rendimento superior no Brasil, Rússia e Indonésia, disse Eric Brard, chefe global de renda fixa, em entrevista, em Cingapura, na segunda-feira. O Fed será cauteloso no ajuste da política monetária devido à combinação de incerteza com a decisão do Reino Unido, em referendo, de deixar a União Europeia, a eleição presidencial dos EUA, um referendo na Itália e as eleições do ano que vem na França e na Alemanha, disse ele.

Os fundos de dívidas dos mercados emergentes atraíram uma entrada de recursos recorde na semana encerrada em 20 de julho, segundo a EPFR Global, ajudando a levar o ganho deste ano em um índice da Bloomberg que monitora as notas soberanas em dólares para mais de 12 por cento. Isto já coloca o indicador a caminho de seu melhor desempenho anual desde 2012. Os títulos em dólares dos países em desenvolvimento oferecem um rendimento médio de 4,38 por cento, contra taxas negativas no Japão e na Alemanha.

"A perspectiva de que o aumento das taxas de juros seja adiado para 2017 favorece os mercados emergentes", disse Brard, que opera de Paris. "Temos taxas de juros muito baixas, ou taxas de juros negativas em alguns mercados, o que significa que veremos transferências contínuas de dinheiro entre os mercados de rendimento inferior e rendimento superior".

Apesar de os traders de futuros terem aumentado as apostas em um aumento dos juros pelo Fed em dezembro após as vendas do varejo e os dados habitacionais superarem as projeções, essa probabilidade ainda é de menos de 50 por cento, contra 56 por cento em março.

Transição política

Como a janela de ajuste do Fed está sendo adiada, as dívidas dos mercados emergentes em moedas locais deram retorno de 4,8 por cento em dólar neste ano. O ano também deverá ser o melhor desde 2012.

A Amundi está dando preferência aos títulos globais do Brasil no momento em que o país passa por uma transição política sob o governo interino de Michel Temer, que assumiu em maio enquanto Dilma Rousseff enfrenta o julgamento do impeachment. Os títulos em dólares do Brasil deram retorno de cerca 23 por cento neste ano, com a dívida de 10 anos rendendo 4,80 por cento, segundo um índice do JPMorgan e dados da Bloomberg Bond Trader.

"O país está passando por uma mudança em termos de governo; a situação deverá melhorar", disse Brard.