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Análise: O colapso no mercado chinês que ajuda investidores

Christopher Langner

28/07/2016 11h51

(Bloomberg) -- O governo da China conseguiu criar mais uma vez um pequeno colapso no mercado de ações. Desta vez, contudo, provavelmente seja por um bom motivo.

O índice composto ChiNext caiu 5,6% na quarta-feira depois que uma reportagem do jornal 21st Century Business Herald indicou que as autoridades poderão limitar a capacidade dos veículos de gestão de patrimônio de investirem em ações.

A matéria também derrubou o Shanghai Composite, índice carregado de ações blue-chip, em 1,9% e provocou baixa de 4,5% do índice de Shenzhen. (O ChiNext caía mais 1,8% às 11h30 desta quinta-feira, enquanto o índice de Shenzhen apresentava declínio de 1,4 % e o índice de Shanghai mostrava baixa de 0,6%).

Por mais profundos que os declínios tenham parecido, eles foram os piores apenas desde o início de junho. A instabilidade faz parte da realidade do mercado de ações da China.

Os declínios, desta vez, foram liderados pelas empresas de baixa capitalização, destino aparente da maior parte do dinheiro dos produtos de gestão de patrimônio. Isto explica por que o ChiNext foi o mais atingido, seguido do índice de Shenzhen.

Vale notar que esses produtos têm sido amplamente apontados como um sistema bancário paralelo. Entre outras coisas, eles ajudam os bancos a tirarem os empréstimos de seus livros contábeis e poderiam estar gerando uma bolha prejudicial nas ações de baixa capitalização da China.

O ChiNext tem sido o garoto-propaganda do entusiasmo em torno das apostas em empresas de alto crescimento. Embora o índice, em si, já apresentasse baixa de 12,6% neste ano antes de quarta-feira, muitos de seus componentes subiram a uma velocidade que poderia atrair repressão regulatória.

Tomemos como exemplo a Shenzhen V&T Technologies, líder até esta altura do ano. A fabricante de autopeças estreou no mercado de baixa capitalização em março e desde então subiu 969%. O preço de suas ações, agora, entrega um valor de 104 vezes os lucros dos últimos 12 meses.

Mais de 30 ações dispararam 100% ou mais neste ano no ChiNext, a maioria delas negociadas a mais de 100 vezes os lucros. Em um caso que parece vertiginoso, o índice tem uma relação preço/lucro média de 69,5. Usado para o Russell 2000, o índice de baixa capitalização dos EUA, o indicador é de 19,6.

Das empresas que tiveram resultados positivos no ChiNext, 177 são negociadas a mais de 100 vezes. Cinco estão acima de 1.000, lideradas pela Qingdao Huaren Pharmaceutical, fabricante de sistemas de entrega de infusões médicas, a 4.460 vezes.

Se o dinheiro do sistema bancário paralelo está gerando essas aberrações, ele já vai tarde. Pela primeira vez os órgãos reguladores chineses estão fazendo a coisa certa ao intervir no mercado.

Essa coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.