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Petróleo se aproxima de bear market com excesso de oferta

Grant Smith

29/07/2016 09h51

(Bloomberg) -- O espírito de otimismo que tomou conta dos traders de petróleo quando gigantes do setor como a Arábia Saudita e o Goldman Sachs declararam o fim do excesso de oferta está desaparecendo rapidamente.

O petróleo caminha para uma queda de 20 por cento desde o início de junho, cumprindo a definição de bear market. Embora a produção de petróleo excedente esteja diminuindo, os estoques ao redor do mundo estão transbordando, especialmente os de gasolina, e a retomada da exploração nos EUA ameaça inchar a oferta ainda mais. À medida que os distúrbios à produção que eliminaram parte do excesso no início deste ano começarem a ser resolvidos, o petróleo poderia cair novamente em direção aos US$ 30 por barril, prevê o Morgan Stanley.

"A situação está se invertendo para os otimistas, que foram prematuramente construtivos em relação aos preços do petróleo acreditando que o reequilíbrio do mercado de petróleo era fato consumado", disse Harry Tchilinguirian, chefe de estratégia de mercados de commodities do BNP Paribas em Londres. "Provavelmente isso vai demorar um pouco mais do que o esperado".

O petróleo quase dobrou em Nova York entre fevereiro e junho, enquanto grandes nomes como o Goldman, a Agência Internacional de Energia (AIE) e o novo ministro de Energia saudita, Khalid Al-Falih, diziam que a queda da produção de petróleo dos EUA e os distúrbios em lugares como Nigéria e Canadá estavam finalmente encerrando anos de excesso de oferta. Os preços caminham para sua maior perda mensal em um ano em meio ao reconhecimento crescente de que a abundância levará tempo para se dissipar.

"Há muito petróleo e produtos refinados no mercado", disse David Fransen, chefe do escritório de Genebra da Vitol, maior trader independente de petróleo. "O crescimento da demanda tem tropeçado um pouco".

Os estoques de petróleo e óleo refinado, que aumentaram nos países industrializados durante os anos de excesso de oferta, continuam enormes, permanecendo em um recorde de mais de 3 bilhões de barris, segundo a AIE, que tem sede em Paris. Com dificuldades para vender carregamentos, os traders estão armazenando a maior parte dos barris em navios-petroleiros, no mar, desde o fim da crise financeira 2008-2009, estima a agência.

Em alguns países o excedente parece estar crescendo. Dados semanais do governo dos EUA mostraram na quarta-feira um surpreendente aumento dos estoques no maior consumidor de petróleo do mundo em um momento em que a demanda por combustível no verão deveria estar reduzindo os estoques.

O último desafio para o mercado é "uma mudança no excedente do petróleo para os derivados", disse Jeff Currie, chefe de pesquisa de commodities do Goldman Sachs em Nova York, em entrevista à Bloomberg TV na quarta-feira. As refinarias produziram bastante gasolina no início do ano para tirar vantagem do petróleo barato e os estoques do combustível de motor atualmente estão no nível mais elevado para essa época do ano em pelo menos 20 anos, mostram dados da AIE.