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Pimco se une a investidores que aumentam apostas em emergentes

Natasha Doff

02/08/2016 09h42

(Bloomberg) -- Investidores que gerenciam US$ 163 bilhões estão colocando seu poder de fogo naquilo que a BlackRock chamou de "grande migração" para as dívidas dos mercados emergentes em busca de antídotos para os rendimentos próximos de zero oferecidos por seus ativos básicos.

A Pacific Investment Management Co. mais do que duplicou as alocações em seu fundo global de US$ 14,9 bilhões desde março e o diretor de investimentos da empresa, Mark Kiesel, diz que está construindo posições no Brasil, no México e na Rússia.

A Amundi Asset Management, maior gestora de recursos da Europa, a Jupiter Asset Management e a AllianceBernstein também ampliaram as apostas nos países em desenvolvimento neste ano.

Os mercados emergentes estão fazendo as pazes com os gestores de títulos internacionais que tentam cumprir as metas de retorno em um momento em que os estímulos monetários no mundo desenvolvido os deixam com poucas opções entre os ativos que normalmente formam o grosso de suas carteiras.

Os países em desenvolvimento oferecem rendimentos soberanos em média 10 vezes superiores aos dos países avançados, suas economias estão crescendo duas vezes mais rapidamente e agora os riscos políticos que muitas vezes mantêm os investidores longe parecem menos proibitivos em meio à turbulência na Europa e com eleições imprevisíveis pela frente nos EUA.

"Não tem o que pensar quando se vê os baixos rendimentos e os fundamentos ruins no mundo desenvolvido contra rendimentos altos e fundamentos realmente bons em lugares como a Índia", disse Ariel Bezalel, que administra o fundo Dynamic Bond da Jupiter, de US$ 7 bilhões, como gerente de recursos em Londres.

O fundo atualmente mantém mais dinheiro do que nunca nos mercados emergentes após dobrar os ativos de março para cá, disse ele. "Aparentemente é nos mercados emergentes que está o crescimento".

Doze dos 18 maiores fundos internacionais de renda fixa monitorados pela Morningstar elevaram as alocações no mundo em desenvolvimento neste ano. O fundo Global Bond da Franklin Templeton, de US$ 47,2 bilhões, o maior entre seus pares, ampliou os investimentos nessa classe de ativos em 5 pontos percentuais desde março, para cerca de 51 por cento em junho, mostram dados da Morningstar.

'Beneficiários líquidos'

As dívidas dos mercados emergentes têm um yield médio de 4,4 por cento, contra 0,46 por cento nos países desenvolvidos, segundo índices da agência de notícias Bloomberg.

É improvável que essa diferença diminua logo, segundo Kiesel, que trabalha em Newport Beach, Califórnia, para a Pimco, a segunda maior gestora de títulos do mundo. Ele citou a decisão surpresa do Reino Unido, em referendo realizado em junho, de deixar a União Europeia como uma das razões que evitou que os bancos centrais das economias avançadas reduzissem os estímulos monetários.

"Nós ampliamos o risco de crédito dos mercados emergentes logo após o Brexit com a visão de que os bancos centrais internacionais se tornariam mais dovish e acabariam apoiando a economia global", disse ele. "Os mercados emergentes serão beneficiários líquidos".