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Carney está pronto para reduzir juros novamente no Reino Unido

Scott Hamilton

04/08/2016 15h00

(Bloomberg) -- Mark Carney liberou um pacote de estímulos, incluindo a primeira redução da taxa de juros do Banco da Inglaterra em sete anos, e disse que pode haver uma maior flexibilização em um momento em que o Reino Unido está sentindo os efeitos de sua decisão de deixar a União Europeia.

Os integrantes da cúpula do Banco da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês), liderados pelo presidente da autoridade monetária, votaram por unanimidade pela redução da taxa básica em 25 pontos-base, para uma mínima recorde de 0,25%.

Eles divergiram em relação a outros elementos do plano que expandirá o balanço do banco central em até 170 bilhões de libras (US$ 223 bilhões) por meio da aquisição de gilts (títulos soberanos britânicos) e títulos corporativos e de um programa de crédito para bancos.

"Nós adotamos essas medidas porque a perspectiva econômica mudou notavelmente", disse Carney a jornalistas em Londres, na quinta-feira. "Os indicadores caíram fortemente, na maioria dos casos para níveis vistos pela última vez na crise financeira e em alguns casos para mínimas históricas".

O banco central realizou a maior redução da história nas projeções de crescimento e Carney declarou que todos os elementos de estímulo podem ser ampliados, o que inclui outro corte nos juros.

Entre as medidas do Comitê de Política Monetária estão um plano para comprar 60 bilhões de libras em títulos soberanos ao longo de seis meses, até 10 bilhões de libras em títulos corporativos nos próximos 18 meses e um possível programa de crédito de 100 bilhões de libras para os bancos.

Se essa perspectiva para a economia se mostrar correta "a maioria dos membros espera apoiar um corte maior na taxa bancária para o seu limite inferior efetivo" ainda neste ano, disseram eles em um comunicado. Carney afirmou diversas vezes que isto não significa que os juros serão negativos.

"O comitê é bastante claro ao afirmar que vemos um limite inferior efetivo como um número positivo, próximo a zero, mas um número positivo", disse ele. "Não sou fã das taxas de juros negativas", acrescentou, pontuando que elas haviam produzido "consequências negativas" em outras partes.

"Eu dou muito crédito ao comitê", disse Adam Posen, ex-integrante do BOE, em entrevista à Bloomberg TV. "Eles formularam uma política multifacetada, realizaram o corte nos juros que era necessário. Em relação à margem eu ainda penso que estão um pouco otimistas demais; eles estão presumindo que terão muitos benefícios com o que fizeram".

O banco central reduziu sua projeção de crescimento para o ano que vem de 2,3% para 0,8% e diminuiu sua projeção para 2018 de 2,3% para 1,8%. O investimento e o consumo mais fracos foram os principais motores e o BOE prevê queda do investimento empresarial neste ano e no próximo e um declínio de 4,75% no investimento imobiliário em 2017.

"As pesquisas recentes de atividade, confiança e otimismo empresarial sugerem que o Reino Unido provavelmente verá pouco crescimento do PIB no segundo semestre deste ano", disse o BOE.