Buffett encerra contrato e abandona derivativos de crédito
(Bloomberg) -- Warren Buffett acaba de adotar uma nova medida para simplificar o estoque de derivativos da Berkshire Hathaway.
A empresa pagou US$ 195 milhões em julho para encerrar o último contrato no qual a Berkshire, que tem sede em Omaha, Nebraska, EUA, oferecia proteção contra prejuízos com títulos, segundo um comunicado ao mercado de sexta-feira que não identificou a contraparte. Em 30 de junho, o risco máximo sobre esse contrato de default de crédito era de cerca de US$ 7,8 bilhões.
Buffett chamou os derivativos de "armas financeiras de destruição em massa" em 2003, mas seguiu adiante e assinou uma série de contratos nos anos seguintes. O bilionário argumentou que os contratos que ele assinou eram atraentes porque entregaram a ele dinheiro à vista para investir. Os derivativos da Berkshire também eram diferentes dos contratos que derrubaram outras instituições financeiras durante a crise de crédito de 2008 porque apresentavam menos exigências de garantias onerosas.
Mesmo assim os derivativos da Berkshire têm sido fonte de alguns problemas. Em 2008, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) pediu que a Berkshire realizasse uma "divulgação mais robusta" da forma usada para avaliar os contratos, o que a empresa depois acabou fazendo. No ano seguinte, as agências de classificação Moody's Investors Service e Fitch Ratings citaram os derivativos quando retiraram a maior nota de crédito da Berkshire. As mudanças nos valores dos contratos se refletem na demonstração de resultados da Berkshire, em algumas oportunidades provocando fortes oscilações nos resultados trimestrais.
"Este foi um capítulo muito interessante para a Berkshire e para seus acionistas", disse David Rolfe, diretor de investimento da Wedgewood Partners, investidora da Berkshire que administra cerca de US$ 7,8 bilhões. "E parece que esse capítulo está acabando".
Preservando o sucessor
O último derivativo de crédito da Berkshire contava com um ciclo potencial que poderia ter continuado na gestão do próximo CEO. Buffett pode ter pensado, "por que incomodar alguém com isso?", disse Rolfe.
Buffett, 85, tem recomendado que os acionistas não analisem apenas as flutuações dos derivativos e que se concentrem nos resultados subjacentes das dezenas de negócios da Berkshire, desde a ferrovia BNSF até a rede de sorveterias Dairy Queen. Na sexta-feira, a empresa divulgou que os lucros operacionais subiram 18 por cento no segundo trimestre, para US$ 4,61 bilhões, impulsionados por ganhos nos negócios de seguros e manufatura.
O contrato coberto no acordo de julho foi elaborado em 2008 e estava relacionado a emissões de dívidas municipais com vencimentos de 2019 a 2054, segundo comunicados ao mercado. Buffett não respondeu a um pedido de comentário enviado fora do horário comercial.
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