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Análise: Gestores de fundos precisam falar sobre mulheres no setor

Christopher Langner

08/08/2016 13h29

(Bloomberg) -- Para os que estão no setor financeiro, quando foi a última vez que vocês conheceram uma mulher que administrava uma carteira? Há algumas, sim, mas quantas? Seria difícil responder, porque os administradores de ativos não gostam de falar sobre esse assunto.

A BlackRock, a maior administradora de ativos de capital aberto do mundo segundo o valor de mercado, concordou com divulgar pela primeira vez dados sobre a quantidade de mulheres que a empresa emprega no nível sênior, informou nesta segunda-feira o Financial Times. O jornal pediu que as 15 maiores administradoras de ativos autônomas revelem essa informação; seis empresas se recusaram. Para um setor que depende da divulgação para manter a confiança do público, essa falta de abertura é notável. Infelizmente, também é o padrão, como mostram os dados da Bloomberg.

De modo geral, o setor tem uma pontuação muito baixa no grau de abertura em relação a questões de gênero e meio ambiente. A mediana mundial de pontuações da Bloomberg para a divulgação de governança ambiental e social de administradores de ativos registrados em bolsa é de 15,4 pontos, em uma escala onde 0,1 é a pior pontuação, e 100, a melhor. São menos pontos que os 17 do setor de aço ou os 17,8 das mineradoras globais de carvão, setores dominados por homens dos quais se poderia esperar uma atitude ainda mais obstinada.

Até mesmo a pontuação das poucas empresas que informam a diversidade de gênero está longe de ser perfeita.

É verdade que os administradores de ativos podem alegar que as mulheres estão pouco representadas nas finanças em geral, um legado do tradicional domínio masculino e dos desincentivos culturais à participação das mulheres no setor. Além disso, muitos dos que acabam nos cargos mais altos vêm das mesas de operações, uma área onde as mulheres são ainda mais raras.

Isso não justifica a falta de divulgação. Está na hora de que os acionistas comecem a questionar essas empresas, porque a constante falta de diversidade de gênero significa que elas estão perdendo a oportunidade de aproveitar um conjunto enorme de possíveis talentos. Poucos setores se beneficiariam tanto em ter diferentes ideias, abordagens de vida, visões de mundo e opiniões diversas quanto a administração de recursos. Como diria qualquer psicólogo, o primeiro passo para lidar com um problema é falar sobre ele.

Essa coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.