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O bilionário que ignora os investidores para torná-los ricos

Tom Redmond e Takako Taniguchi

12/08/2016 14h53Atualizada em 12/08/2016 17h37

(Bloomberg) -- Ao sul dos famosos templos de Kyoto, em uma paisagem composta por fábricas e casas subsidiadas, um único arranha-céu se destaca. No alto dele está Shigenobu Nagamori, vestido com uma luminosa gravata verde, lenço de bolso e óculos, discorrendo sobre seus distintos modos de negócios.

Se você trabalha para mim, diz o bilionário CEO da Nidec, nunca será demitido por falta de talento, mas não conte com muitos dias de folga. Se você compra ações na gigante dos eletrônicos de US$ 27 bilhões que eu criei em uma cabana ao lado da fazenda da minha mãe, nem pense em pedir dividendos maiores. E até mesmo Masayoshi Son, o segundo homem mais rico do Japão, pode esperar um puxão de orelhas quando eu achar que ele está equivocado.

"Eu sou um homem estranho, peculiar", disse Nagamori, 71, em entrevista na sede da Nidec, na antiga capital do Japão, onde mantém seu velho galpão pré-fabricado preservado no saguão do edifício, 19 andares abaixo. "Eu vou contra a corrente".

Enquanto todos, do primeiro-ministro Shinzo Abe ao investidor-ativista Dan Loeb, exortam as empresas do Japão a escutarem mais seus acionistas e atualizarem suas práticas laborais tradicionais, Nagamori ignora os pedidos por mudanças -- e derrota seus pares no mercado de ações. Ele é um lembrete declarado de que, para algumas empresas japonesas, uma abordagem que parece estranha para os padrões de Wall Street ainda é capaz de entregar retornos excepcionais.

A empresa de Nagamori evitou a queda registrada pelo índice japonês Topix em 2016, avançando 5,3 por cento até quinta-feira, enquanto os lucros atingiram um nível recorde pelo terceiro ano seguido. O rali de 457 por cento da Nidec de seu valor mínimo, durante a crise financeira global de 2008, até a última quinta-feira foi cerca de oito vezes maior que o do índice acionário de referência, enquanto o retorno sobre patrimônio da empresa é de 12,1 por cento, contra 6,8 por cento do Topix. As ações da Nidec caíram 0,3 por cento na sexta-feira em Tóquio.

O estilo sábio de negociar é fundamental para o sucesso de Nagamori. Desde sua fundação, em 1973, a Nidec comprou mais de 40 empresas, incluindo entre os negócios a aquisição, por US$ 1,2 bilhão, das divisões de motores, transmissões e geradores de energia da Emerson Electric, neste mês. Antes do anúncio desse acordo, Nagamori disse que possuía um fundo disponível com 1 trilhão de ienes (US$ 9,8 bilhões) para expandir a divisão da Nidec de fabricação de motores de precisão para tudo, de refrigeradores a carros. Ele analisa áreas como automóveis autônomos e a internet das coisas.

"Quando se trata de fusões e aquisições, Nagamori é o melhor do Japão", disse Mitsushige Akino, diretor-executivo em Tóquio da Ichiyoshi Asset Management, que administra US$ 1,2 bilhão. "Como investidor, eu me sinto seguro com ele".