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Calote de empresas na China segue sem padrão de reestruturação

Bloomberg News

15/08/2016 15h04

(Bloomberg) -- Na China, quando se trata de títulos inadimplentes, têm ocorrido tanto reembolsos integrais quanto atrasos e desvios.

Das 26 notas públicas locais que não foram pagas desde que a Shanghai Chaori Solar Energy Science & Technology se transformou na primeira empresa a descumprir um pagamento de uma nota onshore, em 2014, nove foram pagas integralmente e apenas uma parcialmente, segundo dados compilados pela Bloomberg. A maior parte restante não divulgou informações sobre os planos de reembolso e a Moody's Investors Service lamenta a falta de um processo de reestruturação transparente.

"Notamos que quando há calote de um título onshore ou o emissor paga integralmente ou atrasa o reembolso sem aviso prévio", disse Ivan Chung, chefe de pesquisa de crédito para a Grande China da Moody's em Hong Kong. "É necessário um processo de negociação e, como resultado, um haircut com o qual os credores concordem. A China também precisa desenvolver uma liquidez secundária para os títulos inadimplentes, o que refletiria o valor atribuído pelos investidores a esses títulos".

Calotes se propagam

Pelo fato de as autoridades permitirem o colapso de mais empresas, os calotes de títulos domésticos subiram neste ano, elevando o principal total de notas inadimplentes a 22,5 bilhões de yuans (US$ 3,4 bilhões) desde 2014. Devido ao curto histórico de calotes desse tipo os detentores de dívidas não têm um roteiro para recuperar seus investimentos. A Moody's afirma que o país precisa estabelecer uma lei de recuperação judicial semelhante ao Capítulo 11 dos EUA para oferecer espaço de manobra para as empresas em dificuldades negociarem com os credores e se reerguerem.

A Corte Suprema Popular da China exortou a criação de mais divisões especiais para gerenciar casos de liquidação ou falência em tribunais intermediários, reportou a Xinhua na quinta-feira.

Chung, da Moody's, disse que muitas empresas do setor privado têm um incentivo maior para pagar títulos em calote do que as empresas estatais porque seus executivos normalmente dão garantias pessoais, incluindo o comprometimento de seus próprios ativos como garantia para dívidas corporativas. Das nove notas inadimplentes que foram pagas integralmente, sete foram emitidas por empresas do setor privado.

Os investidores em notas da Chaori Solar, uma empresa do setor privado, foram pagos integralmente 10 meses após o não pagamento . A fabricante de salsicha Nanjing Yurun Foods pagou seus dois títulos inadimplentes neste ano. A Zhuhai Zhongfu Enterprise, fabricante de garrafas da Coca-Cola na China, tomou empréstimo do Bank of Anshan para ajudar a pagar debêntures que não foram honradas em 2015.

As empresas chinesas enfrentam um recorde de 3 trilhões de yuans em títulos locais com vencimento no segundo semestre, segundo dados compilados pela Bloomberg. O número de empresas listadas em Xangai e Shenzhen que geraram um prejuízo líquido anual com crescimento negativo das receitas e sem caixa suficiente para cobrir as dívidas de curto prazo cresceu para 184, segundo os balanços mais recentes publicados pela Bloomberg, contra 107 há um ano.