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A paixão dos traders chineses pelas commodities chega ao fim

Alfred Cang

16/08/2016 14h21Atualizada em 16/08/2016 15h53

(Bloomberg) -- A paixão dos traders chineses pelas commodities está chegando ao fim.

Os volumes agregados nas três maiores bolsas do país diminuíram para o nível mais baixo em seis meses, uma sombra do trading febril de março e abril, quando investidores individuais atacaram os mercados para comprar todo tipo de commodities, do minério de ferro ao algodão, o que aumentou os preços e gerou o medo de uma bolha. As autoridades chinesas acabaram com esse frenesi impondo restrições à especulação excessiva e desde então o trading não se recuperou.

Com um surto de crédito recorde e em busca de retornos, os investidores acumularam commodities no primeiro semestre do ano, estimulados pelas apostas de que o estímulo econômico da China e as reformas industriais provocariam a escassez de matérias-primas. Agora, simplesmente não há muito motivo de entusiasmo para os traders, segundo Wei Lai, analista da Cofco Futures, em Xangai. A produção industrial e os investimentos em ativos fixos desaceleraram em julho e um indicador do crédito novo registrou a menor expansão em dois anos, o que gerou preocupações com o crescimento na segunda maior economia do mundo.

"Os investidores estão relutantes porque não há muita informação para atuar no mercado", disse Wei por e-mail. Talvez os preços altos de algumas commodities também estejam dissuadindo os traders, disse ele.

O volume agregado combinado da Bolsa de Futuros de Xangai, da Bolsa de Commodities de Dalian e da Bolsa de Commodities de Zhengzhou recuou para 23 milhões de contratos no dia 12 de agosto, o menor número desde fevereiro, em comparação a um pico de mais de 80 milhões no dia 22 de abril, quando um total de US$ 261 bilhões mudou de dono. Mais de 29 milhões de contratos foram negociados na segunda-feira. As bolsas chinesas contabilizam duas vezes o volume de trading e do giro de investimentos.

Neste ano, os preços das commodities se recuperaram de uma queda no final de 2015 em meio aos sinais de alta na demanda da China. Algumas das commodities que mais avançaram foram o zinco, o vergalhão de aço e rações para animais, como o farelo de soja.

"Menos participantes do setor estão negociando futuros de commodities na China", disse Xu Yongqi, analista sênior da CCB Futures em Xangai, por e-mail. "Os operadores tradicionais de futuros na China não estão acostumados com o aumento da volatilidade após o aumento do trading de hedge funds e outros investidores, e a incerteza econômica na China e políticas de crédito pouco claras também afastaram alguns traders do mercado".

A recente estabilização econômica da China vacilou, porque a produção fabril, as vendas de varejo e os investimentos desaceleraram, mostraram dados na sexta-feira. A expansão do financiamento agregado foi a menor em dois anos, o crescimento dos novos empréstimos em yuans foi o mais fraco desde julho de 2014 e a medida ampla de oferta monetária (M2, na sigla em inglês) registrou a menor alta desde abril de 2015. As autoridades econômicas devem optar por impulsionar a demanda com crédito barato, que traz o perigo de prejudicar a estabilidade financeira, ou por restringir a expansão da dívida, mesmo que isso desacelere a economia.