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Bancos não vão esperar pelo acordo do Reino Unido pós-Brexit

Gavin Finch

16/08/2016 10h43

(Bloomberg) -- Os grandes bancos de investimento com sede europeia em Londres começarão o processo de transferência de empregos para fora do Reino Unido poucas semanas depois que o governo desencadear o Brexit, um cronograma mais acelerado do que o insinuado por comunicados oficiais de que teriam paciência, de acordo com pessoas informadas sobre os planos que estão sendo traçados em quatro grandes instituições.

Desanimados com a falta de um plano claro para proteger o status do Reino Unido como centro financeiro internacional, os executivos estão se preparando para o pior: perder o direito de vender serviços livremente na União Europeia a partir do distrito financeiro de Londres, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque os planos não são públicos. Diante de um longo processo, com possíveis esperas por aprovações regulatórias antes que os funcionários possam fazer as malas, os bancos querem arregaçar as mangas para ter escritórios novos ou maiores montados na Europa antes do fim do período de negociação do Brexit, de dois anos.

"Este ano se resume a entender os possíveis cenários, opções e a traçar planos de contingência", disse Andrew Gray, responsável pela situação do Brexit para serviços financeiros no Reino Unido da PwC, que está assessorando bancos sobre o melhor modo de reagir à decisão do eleitorado britânico. "A execução de alguns planos vai demorar e as empresas não têm condições de esperar até 1º de janeiro de 2019 e correr o risco de não poder mais fazer negócios".

Negociações desanimadoras

Embora a primeira-ministra, Theresa May, tenha dito que lutará para que o distrito financeiro de Londres conserve seu direito de passaporte, banqueiros e advogados afirmam que ela enfrentará uma batalha árdua para conseguir concessões dos parceiros da UE que continuam indignados com o resultado do referendo de 23 de junho. Em particular, executivos do setor bancário estão desanimados porque, sete semanas após o referendo, os ministros responsáveis por negociar o melhor acordo para o Reino Unido creem que podem conservar os benefícios de estar em um mercado comum sem aceitar a livre circulação dos cidadãos da UE, disseram as pessoas.

Considerando o número limitado de destinos adequados para transferir as operações, além da escassez de imóveis de primeira linha nessas cidades, os bancos estão disputando entre si uma corrida para garantir os melhores escritórios e acomodações para os milhares de empregos que devem tirar do Reino Unido. As instituições também querem garantir o primeiro lugar na fila junto ao órgão regulador local, que provavelmente terá dificuldades para lidar com a enxurrada de bancos de investimento solicitando autorização para se instalar.

Os bancos poderiam adiar a saída do Reino Unido se o governo britânico conseguisse garantir um período de transição extenso das regras atuais para quaisquer que sejam as novas condições de comércio que serão estipuladas com a UE, disseram as pessoas. Seria necessário definir este quesito antes que o Reino Unido ative efetivamente o Artigo 50.