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FaceTime, da Apple, entra na mira de novo lançamento do Google

Alistair Barr

16/08/2016 12h35Atualizada em 16/08/2016 13h43

(Bloomberg) -- O Google acertou em cheio com os e-mails quando lançou o Gmail em 2004. Hoje ele é a primeira forma de correspondência eletrônica nos EUA.

Mas como o e-mail tradicional está perdendo espaço entre uma fatia cada vez maior da população, o Google tem tido dificuldades para manter a relevância de suas ferramentas de mensagens ou apresentar novos lançamentos que repercutam entre os usuários mais jovens.

Agora, o Google está tentando outra vez com um novo aplicativo de videoconferência chamado Duo. Ele funciona nos aparelhos móveis com Android, o sistema operacional do Google, e com iOS, da Apple. O aplicativo funciona com Wi-Fi e redes de telefonia celular, troca automaticamente entre os distintos tipos e velocidades conexão e ajusta a qualidade de vídeo.

O Duo utiliza também os números de telefone, em vez de uma conta do Google ou endereço de Gmail, o que torna mais fácil ligar para amigos, familiares e outras pessoas que já estão na lista de contatos do smartphone. O aplicativo atual de videoconferência e mensagens, Hangouts, requer uma conta do Google, o que limitou sua adoção, especialmente nos mercados emergentes. O WhatsApp e o Messenger, do Facebook, o Skype -- que agora pertence à Microsoft -- e o FaceTime, da Apple, utilizaram os números telefônicos para crescer mais rapidamente.

Um conjunto confuso de opções de comunicação representou um obstáculo para o Google. A empresa tem dois serviços de e-mail -- o Gmail, que é o maior serviço de e-mail dos EUA com base no número de visitantes únicos, segundo a ComScore, e o Inbox; três produtos de mensagens de texto, o Hangouts, o Messenger e o Allo, que será apresentado em breve; e agora dois serviços de bate-papo com vídeo, o Duo e o Hangouts (que oferece mensagens de texto e videoconferências).

Esta abordagem difusa, e o fato de o Google ter entrado tarde nesse jogo, está se tornando mais dispendioso para a divisão da Alphabet à medida que a troca de mensagens deixa de ser uma forma simples de se comunicar rapidamente e se torna uma das grandes plataformas de tecnologia do futuro, com comércio virtual, publicidade e novos serviços executados com inteligência artificial.

Há 18 meses, o CEO do Google, Sundar Pichai, encarregou Nick Fox, um veterano com 13 anos na empresa, de dar um jeito na variedade de produtos. Pouco depois, sua nova equipe elaborou uma estratégia e começou a desenvolver o Duo e o Allo.

Então, como Fox vai fazer para não ficar para trás? Sua primeira tarefa é arrumar o excesso de variedades de serviços de comunicações do Google.

O Hangouts será um serviço para o espaço de trabalho que oferecerá videoconferências em grupo, principalmente por computadores e laptops de escritório, disse Fox. Ele estará mais integrado ao software de trabalho do Google, como Docs, Sheets e Slides, que ficarão mais fácil de compartilhar.

A segunda tática: levar para os novos serviços o que, segundo Fox, é uma tecnologia melhor a fim de alcançar os rivais.

O Duo realiza constantemente "estimativas de banda larga" para entender quanto vídeo pode ser transmitido. Se o Wi-Fi enfraquecer, o aplicativo passa para a rede de telefonia do celular. Se o sinal do celular chegar a cair para 2G, o Duo corta automaticamente o vídeo e mantém o áudio.

Talvez uma tecnologia melhor não baste para não ficar para trás, disse Ankit Jain, ex-funcionário do Google e executivo da SimilarWeb, que mede a utilização de sites e aplicativos móveis. O WhatsApp e o Snapchat ofereceram algo o suficientemente útil para convencer muitas pessoas a trocar o serviço de comunicação que usavam, onde já estavam todos os seus amigos.

"Vale a pena tentar de novo, mas ter uma tecnologia melhor não pode ser a única coisa", disse Jain.