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Bolsas emergentes passam a caminhar junto com o S&P 500

Andre Tartar, Wei Lu e Elena Popina

19/08/2016 15h11

(Bloomberg) -- Na era da globalização, ficou mais difícil encontrar diversidade. E isso é um problema para investidores de mercados emergentes.

A ferramenta da Bloomberg que acompanha correlações em renda variável comparou os principais índices acionários de 84 países com o S&P 500 durante um período de 10 anos. A conclusão é que 88 por cento deles apresentaram correlação positiva com o índice dos EUA no primeiro semestre deste ano. Há uma década, a parcela era de 82 por cento. Boa parte dessa convergência ocorre em mercados emergentes ou de fronteira, onde o crescimento econômico se desacelerou dramaticamente - se aproximando do ritmo dos EUA. Isso vale até para diversos índices do Oriente Médio, que costumavam se mover em direção oposta à do S&P.

"Os mercados emergentes antes eram considerados o Velho Oeste dos investimentos, mercados que eram difíceis de compreender e impossíveis de prever", disse Timothy Ghriskey, que ajuda a administrar US$ 1,5 bilhão como diretor de investimentos da Solaris Asset Management LLC, em Nova York.

Não é mais o caso. Os exemplos mais notáveis estão em economias dependentes do petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Catar, Kuwait e Bahrein.

"Cada vez mais estamos observando que as forças que impactam os mercados desenvolvidos influenciam também os mercados emergentes", ele disse. Resumidamente, "os mercados emergentes não são mais os mercados que existem em isolamento do mercado dos EUA."

A movimentação na Europa tem elevada correlação com os EUA, particularmente a Alemanha. O maior aumento de correlação ocorreu no Oriente Médio e na Ásia, mas surpreendentemente está diminuindo nas grandes economias da América Latina que foram mais prejudicadas pela queda de preços das commodities.

Entre os 10 mercados de correlação positiva que apresentaram movimento mais próximo ao do S&P 500 em 10 anos, nenhum é mais importante do que a China: seu coeficiente de correlação disparou de 0,11 em 2006 para 0,55 neste ano.

Então, quais são os motivos para o comportamento distinto da América Latina? Diversidade e composição dos índices.

Taiwan, que tem elevada correlação com o S&P, pode ser uma ilhota, mas tem 856 empresas listadas. Já no Brasil e Chile, os índices acionários de referência se tornaram menos representativos de suas economias desde 2006: seus respectivos valores de mercado perderam mais de 30 por cento de PIB.

Para investidores que buscam proteger com hedge suas apostas no mercado dos EUA, só restam 10 mercados de correlação negativa com o S&P 500 neste ano, de acordo com a ferramenta da Bloomberg. Marrocos, Tanzânia e Malta são alguns exemplos. Uma opção é olhar mais de perto as grandes economias com correlações menores do que há uma década: Indonésia e Turquia, que corre risco de perder o grau de investimento após um golpe de Estado fracassado.