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PT precisa de reforma interna e autocrítica, diz Costa

Mario Sergio Lima e Samy Adghirni

19/08/2016 17h45

(Bloomberg) -- O Partido dos Trabalhadores precisa repensar seu futuro enquanto espera derrotas nas urnas após escândalos de corrupção e a pior recessão em décadas, disseram dois de seus líderes.

O partido da presidente afastada Dilma Rousseff deve se empenhar em restabelecer os vínculos com sua base tradicional antes da campanha para as eleições municipais de outubro, disse Humberto Costa, líder do PT no Senado.

O pleito será realizado em um momento em que o Brasil enfrenta dificuldades para sair de uma grave recessão que elevou o desemprego ao patamar de dois dígitos.

"A crise atual levou o PT a se reaproximar de setores que compõem sua base histórica, como sindicatos e movimentos sociais", disse o senador Costa na quinta-feira. "Agora o partido deve trabalhar para a preservação desta relação".

Chance perdida

O maior partido trabalhista do País perdeu a oportunidade de se afastar da política tradicional e implementar reformas quando governava o país e possuía maioria parlamentar e apoio popular, disse Costa em conversa no local conhecido como Cafezinho do Senado. Uma das possibilidades, segundo o senador, era o PT ter aprovado leis mais rígidas para o financiamento de campanhas.

"O PT surgiu como alternativa à cultura política tradicional brasileira, mas terminou se amoldando a essa mesma cultura", disse Costa. "Deve se auto-reformar e fazer um processo de autocrítica profunda."

O PT, que ainda possui a segunda maior bancada na Câmara de Deputados, pode sofrer em outubro um dos maiores reveses eleitorais desde sua fundação, em 1980. Uma influente parlamentar petista, que pediu anonimato, disse esperar derrotas na maioria das grandes cidades do Sul, Centro-Oeste e Sudeste, as regiões mais ricas do Brasil.

Para o PT, a principal eleição neste ano será em São Paulo, onde o atual prefeito, Fernando Haddad, corre o risco de ficar fora do segundo turno, de acordo com pesquisas recentes que o colocam em quarto lugar.

Em regiões onde há maior apoio a Dilma, o processo de impeachment poderia ajudar a mobilizar defensores tradicionais do PT, porque muitos consideram que a saída dela foi tramada pelas elites do País para tomar o poder, segundo Costa.

O Senado decidirá, por voto, até o início de setembro se Dilma será definitivamente afastada pelas acusações de financiamento ilegal de gastos do governo.

Ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também estão sendo investigados por obstrução à Justiça na Operação Lava Jato, informou nesta semana o jornal O Estado de S. Paulo. Ambos negam as acusações.