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Empresas dariam boas-vindas à regulação em mercado de US$ 45 bi

Brooke Fox

22/08/2016 14h59

(Bloomberg) -- Um mercado de US$ 45 bilhões enfrenta a maior ameaça regulatória de sua história -- uma medida que poderia reduzir drasticamente as contas de telefonia das empresas em todos os EUA.

A Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC, na sigla em inglês) poderia decidir em votação, antes do fim do ano, reduzir as tarifas para serviços de dados empresariais, ou BDS, pela sigla em inglês, como são conhecidos. Escritórios, lojas, fábricas, hospitais, escolas e universidades precisam dessas conexões de rede dedicadas a transportar enormes quantidades de dados de um ponto a outro. O consumidor comum usa essas redes quando saca dinheiro de um caixa automático ou passa seu cartão de crédito em uma loja.

Durante anos, algumas poucas empresas de telefonia -- AT&T, Verizon Communications e CenturyLink -- dominaram esse mercado pouco entendido, mas lucrativo, e gigantes do segmento de cabo, como Comcast e Charter Communications, entraram no jogo apenas recentemente. Essa concentração resultou em cobranças excessivas às empresas americanas -- da ordem de US$ 75 bilhões nos últimos cinco anos, segundo a Federação de Consumidores dos EUA.

"Esta é uma das lutas mais importantes que estão ocorrendo em Washington do ponto de vista empresarial e as empresas de telefonia e de cabo conseguiram de alguma forma disfarçá-la como uma disputa política misteriosa e incompreensível de Washington", disse Colleen Boothby, sócia do escritório de advocacia Levine, Blaszak, Block & Boothby, que representa empresas que compram serviços de dados. "E não é isso".

As novas regulações para as tarifas estremeceriam um setor que computou US$ 45 bilhões em receitas em 2013, último ano estudado pela Comissão. Marc Rysman, economista da Universidade de Boston contratado pela FCC, estima que as vendas totais para serviços mais amplos de nível empresarial poderiam até superar os US$ 75 bilhões ao ano. E a AT&T, maior operadora de telefonia do país, é quem tem mais a perder, segundo Matthew Schettenhelm, analista da Bloomberg Intelligence. Os chamados serviços estratégicos fixos e serviços legados de voz e dados -- uma nova categoria, que inclui o BDS -- responderam por quase 20 por cento de sua receita de US$ 146,8 bilhões em 2015, disse ele, em uma nota técnica recente.

Mas até o momento a FCC não indicou quando poderia agir. A agência está correndo contra o relógio em um ano eleitoral, enquanto se defende de argumentos do setor de que já há concorrência suficiente no mercado para manter os preços justos. As empresas de telefonia, por sua vez, apontam para a recente chegada das operadoras de cabo, as fusões de provedoras menores e o surgimento de novas tecnologias, que juntas ofereceram às empresas alternativas mais baratas e, em alguns casos, melhores.

O que também não está claro é qual será o tamanho dos cortes da FCC nas tarifas. A Bloomberg Intelligence diz que a Comissão poderá reduzir os limites de preços entre 11 por cento e 16 por cento, enquanto a concorrente menor Sprint defende um decréscimo de 45 por cento.

Isto seria uma boa notícia para Shams Charania, um franqueado da Dunkin' Donuts e da Baskin-Robbins na Geórgia e no Alabama, que assinou serviços de telefonia e internet da AT&T por US$ 150 a US$ 160 mensais por loja antes de passar a um revendedor mais barato. Atualmente, ele paga US$ 116 a US$ 131 mensais por loja. Charania teve sucesso ao negociar um preço mais baixo com a AT&T, mas a conta dele subiu novamente após alguns meses e ele foi forçado a ligar e pechinchar novamente antes de cancelar o serviço de vez.

"Temos muitos negócios", disse Charania. "Continuar fazendo isso para cada loja era um pesadelo".