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Hedge funds pagam caro por profissionais quantitativos nos EUA

Saijel Kishan

29/08/2016 12h57

(Bloomberg) -- Pessoas com MBA ou experiência como analista de ações não passam mais para a frente da fila de potenciais contratados pelos hedge funds nos EUA. Os queridinhos agora são os craques em equações diferenciais e funções de ondaleta.

Os hedge funds que antes confiavam em seres humanos para fazer apostas agora estão ávidos por contratar profissionais quantitativos para entender suas baixas taxas de retorno recentes. Eles estão tentando correr atrás de fundos como Renaissance Technologies e Two Sigma Investments, que estão entre os líderes no uso de complexos modelos matemáticos para investir.

"Eu nunca tinha visto tanta demanda dos hedge funds por profissionais quantitativos - todos os hedge funds estão procurando", disse Michael Karp, CEO da empresa de recrutamento Options Group, sediada em Nova York, que atua no setor financeiro há 25 anos.

A King Street Capital Management, com US$ 19 bilhões em ativos, busca um expert em análise de big data, enquanto a Tudor Investment Corp., com US$ 11 bilhões, quer operadores e pesquisadores com conhecimento na área, disseram pessoas a par dos esforços das duas instituições. Já a Balyasny Asset Management anunciou pelo menos cinco vagas para profissionais quantitativos no website LinkedIn no último mês. Porta-vozes da King Street e da Tudor não quiseram fazer comentários e a Balyasny não retornou recados da reportagem.

Salários maiores

Cientistas, matemáticos e programadores não trabalham por pouco. Quem tem Ph.D. das principais universidades chega com salário inicial anual de US$ 150.000 aos maiores hedge funds e quem tem apenas diploma de graduação pode ganhar US$ 130.000, de acordo com a Options Group. Após cinco anos, alguns profissionais quantitativos ganham salário básico anual de US$ 200.000. Analistas de pesquisa que entram em um hedge fund, mas já têm até três anos de experiência em finanças, recebem de US$ 80.000 a US$ 100.000.

Embora os principais gestores da Tudor agora tomem decisões de investimento com a ajuda de informações quantitativas, as negociações em fundos sistemáticos são controladas mais por modelos de computação. Alguns fundos contrataram profissionais quantitativos para procurar padrões de investimento nos dados e desenvolver ferramentas de aprendizagem automatizada, um tipo inicial de inteligência artificial.

Encaixe perfeito?

"Nossas necessidades de análise fundamental em dados são massivas", disse
Clayton DeGiacinto, fundador do hedge fund Axonic Capital, em Nova York, com US$ 2,8 bilhões em ativos. "Muita riqueza será construída por aqueles capazes de sintetizar enormes quantidades de informação de forma mais rápida e eficiente."

Os hedge funds tradicionais frequentemente têm dificuldades para recrutar profissionais quantitativos, que preferem a atmosfera mais informal das empresas de tecnologia.

"Os hedge funds podem não ser necessariamente o encaixe perfeito para alguns profissionais quantitativos", disse Jeanne Branthover, sócia da empresa de recrutamento DHR International, em Nova York, que viu dobrar a busca por contratações nessa área desde o começo do ano. "No Vale do Silício, tem o fator descolado. Os hedge funds precisam mudar sua cultura para acompanhar isso."

Jason Kennedy, fundador da empresa de recrutamento Kennedy Associates, de Londres, disse que atualmente tenta preencher 15 vagas desse tipo para hedge funds, comparado a zero há apenas um ano. Ainda assim, alguns fundos não mostram tanto interesse. "Isso é porque os gestores de hedge funds já ganharam dinheiro sem necessidade de tecnologias avançadas", ele disse.

P.S.: Um "transformador de ondaleta", usado em matemática e processamento de sinais, é uma ferramenta algorítmica que torna a captura de dados mais exata e eficiente.