A envelhecida Alemanha está quase pronta para gastar
(Bloomberg) -- O tão criticado superávit em conta-corrente da Alemanha deverá encolher nos próximos anos com a alteração dos padrões de gasto gerada por mudanças na sociedade.
Um estudo realizado pelos economistas Heiko Peters e Robin Winkler, do Deutsche Bank, aponta que o superávit do país -- gerado em grande parte pelo comércio de mercadorias -- cairá 20 por cento até 2020, para cerca de 7 por cento do produto interno bruto da Alemanha. Embora a proporção ainda seja grande, é bastante menor que o recorde de 8,8 por cento do PIB, ou 275 bilhões de euros, a que deverá chegar neste ano.
É o que está sendo debatido no momento. O Fundo Monetário Internacional, os EUA e os países colegas da zona do euro argumentaram que o balanço de pagamentos é uma prova de que os alemães estão economizando demais e não gastam o suficiente.
O raciocínio é que enquanto as exportações da Alemanha estão tirando proveito do euro barato, os salários e os gastos do governo se mantêm baixos, o que cria uma economia excessiva e limita as importações. Os alemães respondem dizendo que não se pode pedir a eles que tornem sua economia menos competitiva.
Independente de que lado você escolha neste debate, o estudo do Deutsche Bank mostra que alguns fatores estruturais deverão reduzir os desequilíbrios da economia alemã nos próximos anos.
O maior impacto será gerado pela demografia. A Alemanha está envelhecendo rapidamente e uma população mais velha ganha menos (os pensionistas recebem menos dinheiro do que os trabalhadores que estão no auge da carreira) e tende a gastar mais. Isso reduzirá a taxa de poupança.
Outro fator é o mercado imobiliário. Após anos perto da estagnação, o mercado imobiliário alemão está entrando em um período de expansão e a chegada de imigrantes está ampliando uma demanda já aquecida. A construção levará anos para recuperar o atraso e, nesse intervalo, os preços certamente subirão.
Como isso afetará o balanço de pagamentos? Em resumo, os valores mais elevados dos imóveis normalmente se traduzem em gastos maiores. Os proprietários de imóveis se sentem mais ricos com o aumento do valor de suas casas. Ao mesmo tempo, entrará no país material de construção vindo do exterior. Ou seja, o consumo e as importações aumentarão. Simultaneamente, o comércio global deverá perder força e, com ele, a demanda por bens de fabricação alemã. Mesmo assim, o declínio do superávit em conta-corrente ajudará apenas parcialmente os pares europeus.
"Parte dessa deterioração beneficiará o balanço dos vizinhos europeus da Alemanha", escreveram Peters e Winkler. "Mas o declínio maior será comparável ao dos importadores tradicionais da Ásia, do Oriente Médio e de outros lugares".
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