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Tecnologia combate irritantes ligações feitas por robôs nos EUA

Olga Kharif

31/08/2016 16h04

(Bloomberg) -- Você já conhece aquelas irritantes ligações gravadas que dizem que você ganhou um cruzeiro grátis ou uma redução no pagamento de seu crédito imobiliário. Você xinga a voz automatizada, desliga e adiciona o número à lista de bloqueio de chamadas. Mas elas continuam chegando.

Em julho, foram realizadas 2,42 bilhões de ligações robotizadas nos EUA, quase o triplo de um ano antes, segundo o YouMail Robocall Index, que monitora principalmente usuários de telefones celulares. Elas são o maior alvo das reclamações dos consumidores recebidas pela Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC, na sigla em inglês), superando 200.000 queixas por ano. Muitos dos telefonemas estão ligados a atividades criminosas, porque são usados para tentar extrair informações pessoais com o objetivo de roubar identidades e dinheiro.

A iniciativa governamental Do Not Call Registry, em prática há 13 anos, costumava ajudar, mas os bandidos aprenderam a driblar o sistema, muitas vezes realizando as chamadas de fora dos EUA e direcionando-as para fazer parecer que foram efetuadas dentro do país. Agora, uma série de ferramentas para combater as ligações automáticas está conquistando adeptos e as empresas de telecomunicações e a FCC estão estudando as alternativas para tentar controlar a situação.

A adoção da tecnologia de bloqueio de chamadas deverá beneficiar as operadoras, mesmo que as despesas não sejam repassadas aos consumidores, segundo Chetan Sharma, analista independente do setor de telefonia celular.

"Este é o custo do negócio e ajuda a preservar a fidelidade do cliente e a prevenir o cancelamento dos serviços", disse Sharma. Os únicos perdedores serão "os golpistas que se aproveitam dos desavisados e dos idosos", disse ele.

Software Nomorobo

Uma ferramenta chamada Nomorobo já está sendo usada por algumas provedoras, como a Time Warner Cable. O software escaneia as chamadas de linha fixa que entram e as compara com seu banco de dados de linhas usadas por robôs, que aumenta em cerca de 1.100 números por dia. Recentemente o Nomorobo bloqueou mais de 670.000 ligações em um único dia, disse o fundador, Aaron Foss, em entrevista. A Telephone Science, empresa responsável pelo software, agora está testando um detector de chamadas gravadas para celulares e lançará seu primeiro aplicativo para iOS em setembro, disse Foss, que em 2013 ganhou US$ 25.000 no desafio da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) para encontrar soluções de bloqueio de ligações ilegais.

A Primus Telecommunications, operadora de telefonia e provedora de serviços na nuvem canadense que atende a 250.000 empresas e consumidores, vem combatendo as chamadas automatizadas com sucesso desde 2007, disse o gerente-geral Brad Fisher. Sua tecnologia intercepta as chamadas antes de o telefone tocar, depois identifica quem está ligando e dá ao cliente a chance de aceitar, rejeitar ou deixar que caia no correio de voz. Além disso, pede para a pessoa que liga digitar um número -- algo que os robôs não podem fazer -- e se identificar. A empresa interceptou 80 milhões de chamadas, disse Fisher em entrevista.

Adquirida em abril pela Birch Communications, que tem sede em Atlanta, a empresa conversou de forma preliminar com algumas operadoras dos EUA sobre o uso da tecnologia, disse Fisher. Ele preferiu não identificá-las.

"É claro que existe tecnologia para resolver o problema das chamadas automáticas", disse Maureen Mahoney, pesquisador de políticas públicas da Consumers Union, que coletou mais de 630.000 assinaturas em uma petição para acabar com as chamadas robotizadas. "Os consumidores já estão cansados".