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Vacinas que eram problema na Novartis dão forte lucro na Glaxo

Ketaki Gokhale

31/08/2016 11h18

(Bloomberg) -- Os surtos de meningite B nos EUA, juntamente com o frenesi nas redes sociais que se seguiu à morte de uma criança britânica, ajudaram a impulsionar as vendas da vacina da GlaxoSmithKline muito além das projeções iniciais para seu uso.

A fabricante de medicamentos britânica deverá entregar nove vezes as vendas para 2016 que a Novartis havia projetado para vacinas como a Bexsero, de meningite B, disse Thomas Breuer, diretor médico da divisão de vacinas da Glaxo. A Glaxo adquiriu o negócio em março de 2015 e a receita gerada pelas vacinas no ano passado foi cinco vezes maior que a estimada pela Novartis, disse Breuer.

A Glaxo negociou um preço com o Reino Unido que abriu caminho para o primeiro programa de imunização infantil do mundo usando a Bexsero no ano passado. Novos dados sobre a eficácia e a segurança desse programa deverão ser apresentados no mês que vem em uma conferência em Manchester, na Inglaterra. Isso poderá convencer os EUA e outros países a iniciarem suas próprias campanhas de vacinação em massa contra a infecção, que é rara, mas séria.

"Quando essa nova evidência for disponibilizada, as agências de saúde pública irão reavaliar", disse Breuer. "Mas eu não quero fazer nenhuma previsão".

A meningite B pode provocar efeitos devastadores em crianças e jovens, incluindo danos cerebrais e perdas de membros. Houve sete surtos em universidades nos EUA desde 2009, incluindo um neste ano, na Universidade Rutgers, em Nova Jersey. A morte de uma garota britânica em fevereiro e as fotografias dela, que viralizaram, geraram pedidos públicos por uma campanha de vacinação mais ampla no Reino Unido.

Nos EUA, onde a maioria dos casos de meningite B ocorre em adolescentes mais velhos e em jovens adultos, a vacina é aprovada para pessoas de 10 a 25 anos. Na Europa, está aprovada para uso em crianças a partir de dois meses. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido cobre a vacinação de crianças de menos de 1 ano.

A Glaxo está estudando maneiras de expandir o uso da vacina, o que inclui um grande estudo para testar se a Bexsero pode evitar a hospedagem de meningite B em adolescentes, que muitas vezes carregam a bactéria no fundo do nariz e da garganta.

A meningite pertence à mesma família de bactérias da gonorreia e os dados sobre a eficácia da Bexsero na prevenção da doença sexualmente transmissível serão apresentados na conferência de Manchester. A gonorreia é a segunda doença infecciosa mais reportada nos EUA. O aumento de cepas resistentes a antibióticos criou novos desafios para os tratamentos e um forte argumento a favor de uma vacina.

As vendas de vacinas de meningite da Glaxo praticamente dobraram para 144 milhões de libras no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior. Embora o negócio pareça robusto hoje, o quadro não era muito positivo há dois anos, quando a Glaxo concordou com uma troca de ativos com a Novartis. A Novartis Vaccines tinha sido assolada por anos de prejuízos porque as vendas não compensavam os crescentes investimentos no desenvolvimento de produtos como a Bexsero, que obteve aprovação na Europa em 2013 e nos EUA dois anos depois.