O tecido plástico que vai manter você fresco no verão
(Bloomberg) -- As pessoas começaram a usar roupas para se aquecer. Mas no verão não queremos nos aquecer. Queremos nos refrescar. E é por isso que a moda verão está simplesmente do avesso.
Um grupo de pesquisadores de Stanford afirma que descobriu o que fazer a respeito, segundo pesquisa publicada na quinta-feira na revista Science.
As fibras comerciais são desenvolvidas fundamentalmente para serem opacas à luz visível ou, em outras palavras, para não serem transparentes. Uma das consequências é que elas também são opacas à luz infravermelha -- que é o que os cientistas chamam de calor -- e a prendem perto do corpo. A fibra de algodão, em particular, absorve bastante calor, exatamente o que ninguém quer quando as temperaturas sobem.
O grupo de Stanford desenvolveu um tecido plástico que ofereceria uma roupa confortável e deixaria o calor corporal se dissipar, quase como se as pessoas estivessem como vieram ao mundo. Trata-se de um polietileno modificado -- como o papel filme usado na culinária, mas repleto de poros em nanoescala, que mudam sua aparência de transparente para algo próximo de branco. Os poros espalham a luz visível, tornando o material sólido para os nossos olhos. Mas o calor do corpo atravessa diretamente.
E tem mais. Para garantir que esse material funciona como um tecido comum, os cientistas agregaram um produto químico que atrai a umidade (suor) e a faz desaparecer. Para conferir mais estrutura, eles produziram uma versão de três camadas, fixando uma malha fina de algodão entre duas camadas de polietileno. A adição da malha de algodão afeta o desempenho do material, mas ele ainda assim se mantém dois graus Celsius mais fresco do que o algodão.
Yi Cui, professor associado de Stanford e coautor da pesquisa, disse que ele e seus colegas podem precisar de mais seis meses para transformar o material em uma fibra que possa ser usada em roupas antes de começarem a testar os tecidos nas pessoas. Dentro de dois anos o material poderá estar pronto para comercialização, disse ele.
Os pesquisadores buscam algo mais que o conforto pessoal dos consumidores. Se as pessoas estão mais frescas, elas precisam de menos ar condicionado. Menos ar condicionado significa um menor uso de energia, menos dinheiro gasto e menor produção de poluição por dióxido de carbono relacionada à eletricidade. Um comentário sobre o estudo, também publicado na Science nesta semana, sugere que as roupas que ventilam o calor podem economizar até 45 por cento da energia usada para resfriar edifícios.
Antes de que isso se concretize, haverá muitas perguntas adicionais, como por exemplo: como lavar essa roupa?
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