EUA não precisam temer empresas gigantes da China
(Bloomberg) -- As empresas chinesas representam um risco ao estilo de vida americano, pelo menos de acordo com um dos candidatos à Casa Branca.
No entanto, apesar de toda a conversa sobre internacionalização e expansão geográfica, as maiores companhias do país não parecem muito interessadas em roubar receitas ou empregos do Tio Sam.
Um exemplo é a Tencent, gigante das redes sociais com sede em Shenzhen, mais famosa pelos aplicativos de mensagem instantânea WeChat e QQ. Quem vê de fora pode pensar que a maior empresa da China por valor de mercado está abrindo caminho para chegar às portas dos EUA. Na verdade, a Tencent gera mais de 90 por cento da receita na China e sua dependência do mercado interno está aumentando, não diminuindo.
Outro exemplo é a Alibaba, a plataforma de comércio eletrônico dirigida por um ex-professor de inglês. Como 80 por cento de suas ações listadas na bolsa em Nova York pertencem a investidores americanos ou britânicos, seria lógico pensar que a Alibaba tem enorme presença internacional. Não tem. Também neste caso, mais de 90 por cento do faturamento vem da China.
A Baidu -- frequentemente chamada de "Google da China" e outra integrante do B.A.T. (sigla do trio que domina a internet no país e inclui Alibaba e Tencent) -- é ainda mais dependente da maior economia asiática. A maioria esmagadora de suas ações negociadas nos EUA pertence a investidores internacionais, mas 98,9 por cento da receita é gerada no mercado interno.
Mesmo quando partem em incursões internacionais, as empresas chinesas não se aventuram muito longe. Em abril, a Alibaba anunciou que pagaria US$ 1 bilhão por uma participação majoritária no grupo de comércio eletrônico Lazada, do Sudeste Asiático. Seu outro foco internacional é a Índia, onde investe em pagamentos e varejo virtual.
Fora do setor tecnológico, as duas maiores instituições de crédito do país, Industrial & Commercial Bank of China e China Construction Bank, obtêm menos de 10 por cento da receita antes dos impostos no exterior.
Assim como Donald Trump alega que a China manipula sua moeda e tira empregos dos americanos, Jack Ma, da Alibaba, afirma que está muito interessado na expansão global, com o objetivo de gerar metade de sua receita no exterior. Mas os dados dos últimos três anos mostram que a Alibaba está se tornando mais dependente da China. A maior parte da atividade no exterior visa facilitar as compras de turistas chineses em viagens.
A Baidu, que tem um laboratório de pesquisa e desenvolvimento na Califórnia que emprega alguns dos principais cientistas do mundo especializados em aprendizado de máquinas, trabalha arduamente no desenvolvimento de uma inteligência artificial que ensinará os carros a trafegar por conta própria. Mas até mesmo essa expertise será implementada na China, por meio de vínculos com parceiros locais, como a fabricante de veículos elétricos BYD.
Por isso, embora os americanos ouçam há muito tempo que é preciso temer a ascensão da China, a realidade é que as maiores empresas chinesas têm muito o que fazer dentro de casa.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.
Título em inglês: Trump's America Has Nothing to Fear From China's Giants: Gadfly
Para entrar em contato com o repórter: Tim Culpan em Taipé, tculpan1@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier
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