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Caça de pechinchas é estratégia vencedora nas Bolsas dos EUA

Lu Wang

07/10/2016 10h51

(Bloomberg) -- No mercado acionário dos EUA em 2016, os últimos têm sido os primeiros.

Desde janeiro, a compra das ações de pior desempenho nos três meses anteriores supera a estratégia de comprar líderes do passado. O período de nove meses de ganhos com essa tática é o mais longo desde pelo menos 1996, segundo dados compilados pela FBN Securities e pela Bloomberg.

O retorno adicional na compra de lanterninhas chega a 33 pontos percentuais, em um claro descolamento do movimento observado em 2015, quando a compra de papéis em alta foi a jogada do ano.

A opção pela caça de barganhas é sinal de que os investidores estão cada vez mais reticentes em pagar demais por ações, enquanto a fase de mercado em alta chega ao oitavo ano.

A preferência por perdedoras do passado alcançou ações de energia, tecnologia e eletricidade, mas complica um ano que já está se mostrando um dos piores até hoje para gestores que fazem a escolha ativa de ações.

"No ano passado, os gestores focados em fundamentos pareciam heróis quando investiam dinheiro após uma queda acentuada porque as ações com impulso davam certo", disse JC O'Hara, diretor técnico de mercado da FBN, em Nova York. "2016 trouxe uma mudança gigantesca. Se um gestor comprou a cesta errada, de uma hora para outra o mercado sobe e esse gestor se vê com papéis que não funcionam - é muito difícil sair desse buraco."

Ano raro

Perceber antecipadamente a tendência de investimento é importante em um mercado no qual, cada vez mais, sistemas computadorizados alocam dinheiro a partir de fatores como múltiplos e tamanho da empresa.

Quando se trata do impulso dos preços, a lógica é comprar líderes na expectativa de que os padrões históricos se mantenham ou apostar que as perdedoras vão se recuperar, em um movimento conhecido como "reversão da média".

Porém, 2016 se mostrou um dos raros anos em que uma corrida por perdedoras segue um longo período de busca por ações já com impulso ganhador.

A FBN classifica os componentes do S&P 500 com base em suas taxas de retorno em três meses e acompanha o desempenho das 50 piores e 50 melhores ações em duas cestas separadas.

Em 2015, as líderes, principalmente de biotecnologia e internet, tiveram vantagem de 21 pontos percentuais. Foi a melhor performance em toda a fase de alta do mercado.

Mas o destino delas mudou completamente. Se a cesta de perdedoras mantiver a vantagem até dezembro, será o melhor ano para a categoria desde 2009.

A popularidade das apostas no impulso das ações não foi abalada até agora. O fundo negociado em bolsa iShares Edge MSCI USA Momentum Factor ETF, o maior dessa classe de ETFs, com US$ 1,8 bilhão em ativos, atraiu dinheiro novo em todos os meses desde fevereiro, embora sua taxa de retorno seja inferior à do S&P 500.

Abraçando perdedoras

A dor dessa mudança dramática no estilo de negociação tem sido maior para os gestores de perfil ativo. São muitos os motivos pelos quais os investidores profissionais estão com desempenho pior que o do mercado em geral.

Mas a mudança súbita de vencedoras para perdedoras torna ainda mais difícil trabalhar em um ano marcado por picos de volatilidade mais e mais frequentes.

De acordo com o Bank of America, somente 16 fundos de ações de grande valor de mercado (large-caps) superaram suas referências desde janeiro, caminhando para o pior desempenho anual desde pelo menos 2003.