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Decisão da Opep beneficia petroleiras após 2 anos de 'inferno'

Rakteem Katakey

18/10/2016 10h35

(Bloomberg) -- Quando se reunirem em Londres, nesta terça-feira, talvez os líderes das maiores petroleiras do mundo procurem o ministro da Energia saudita para felicitá-lo.

Após dois anos seguindo a estratégia liderada pelos sauditas de bombear sem limites, que minou os lucros do setor, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) adotou uma medida inesperada que acabou ajudando as grandes petroleiras. No mês passado, a Opep surpreendeu o mercado quando decidiu reduzir a produção e estabelecer um piso para os voláteis preços do petróleo.

A pergunta agora é quando elas retomarão as perfurações. Os preços estão próximos de níveis nos quais muitas grandes petroleiras disseram que podem começar a investir novamente depois que bilhões de dólares em cortes de gastos e milhares de cortes de pessoal levaram as descobertas ao nível mais baixo em 70 anos.

Nos campos de xisto dos EUA, as exploradoras já estão adicionando sondas e, assim, ampliando o trabalho nos campos de petróleo ao maior nível desde fevereiro.

"Depois de todo o inferno que tivemos, deve haver uma retomada agora", disse Danilo Onorino, gerente de portfólio da Dogma Capital, que possui títulos de petroleiras. "O setor foi prejudicado nos últimos dois anos e a situação precisa começar a melhorar."

O ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid Al Falih, disse que fazer as petroleiras retomarem as perfurações é uma das razões por trás do acordo da Opep. Assim como ele, participarão da conferência Oil and Money chefes de empresas como Bob Dudley, da BP, Rex Tillerson, da Exxon Mobil, e John Watson, da Chevron.

"Ele precisa convencer todos a começarem a investir novamente, do contrário haverá uma grande crise de oferta", disse Onorino. "Se os preços permanecerem nos níveis atuais por cerca de seis meses, o investimento do setor deverá começar a subir."

A queda do petróleo forçou a Arábia Saudita, na prática a líder da Opep, a reduzir os subsídios aos combustíveis e até mesmo a tomar empréstimo para financiar seu orçamento. O reino precisa de preços mais elevados, mas ficará alerta em relação a um salto que possa estimular o desenvolvimento de energias alternativas e limitar a demanda por seus vastos recursos de petróleo.

O Brent subiu para US$ 53,73 por barril desde que os produtores de petróleo anunciaram um acordo preliminar em Argel, em 28 de setembro, mas os preços continuam em metade do nível de meados de 2014.

Contudo, se o petróleo se mantiver acima de US$ 50, isso pode ser suficiente para incentivar os investimentos em um setor que ficou mais enxuto após dois anos de cortes de custos.

A Total, maior petroleira da França, está "quase feliz" de ver o petróleo na faixa entre US$ 50 e US$ 55, disse o CEO Patrick Pouyanne em Istambul, em 11 de outubro. O CEO comemorou a decisão da Opep de limitar a oferta, dizendo que os cortes de investimentos no setor haviam travado novos projetos, ameaçando provocar uma escassez de petróleo até 2020.