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Ricos asiáticos podem quebrar ciclo vicioso do mercado de arte

Katya Kazakina

04/11/2016 12h07

(Bloomberg) -- Faltando poucos dias para os principais leilões de arte de Nova York, a Christie's está mirando o Oriente para impulsionar seus negócios, que estão encolhendo.

A companhia decidiu não realizar um leilão extra com curadoria durante as vendas semestrais em Nova York na semana de 13 de novembro, algo que fazia desde 2014. Em vez disso, está destinando recursos para uma exposição em Hong Kong no fim do mês que oferecerá um total estimado de US$ 250 milhões em arte ocidental aos compradores de uma das regiões de mais rápido crescimento do setor: a Ásia.

"Estamos levando o material ao mercado mais forte do momento", disse Brett Gorvy, chefe global de arte do pós-guerra e contemporânea da Christie's. Realizar outra venda com curadoria "no mercado de hoje é difícil. Não é a isso que os colecionadores estão respondendo."

Os leilões públicos encolheram drasticamente neste ano e o próximo ciclo deverá totalizar pelo menos US$ 1,06 bilhão, queda de 49 por cento em relação à baixa estimativa de um ano atrás. A maior parte do declínio é atribuída a uma escassez de obras de arte importantes, cujos proprietários estão relutantes diante do risco de elas não serem vendidas se colocadas à venda publicamente, e às casas de leilões, que estão reduzindo as garantias após perderem milhões de dólares em negócios em novembro do ano passado.

"Este é um momento de transição muito estranho", disse Gorvy. "Há muitos compradores. O que falta é a oferta de material de alta qualidade."

'The Loaded Brush'

Mais de uma dúzia de obras de arte alcançou mais de US$ 30 milhões cada uma durante o ciclo de leilões similar do ano passado, sendo que o quadro "Nu couché", de Amedeo Modigliani, foi vendido por US$ 170,4 milhões ao bilionário chinês Liu Yiqian. Neste mês, apenas quatro obras de arte estão estimadas em mais de US$ 30 milhões.

Gorvy está tentando quebrar "o ciclo vicioso" conseguindo quadros cobiçados, ou troféus, para a venda privada da Christie's em Hong Kong, chamada "The Loaded Brush". O evento terá cerca de 15 pinturas impressionistas, modernas, do pós-guerra e contemporâneas, como o quadro "Pastorale" de Willem de Kooning, de 1963, avaliado em cerca de US$ 35 milhões, além de cerâmicas mais baratas e trabalhos em papel, disse Gorvy.

Uma venda privada apresenta menos risco para os vendedores porque o resultado não é público. Se a obra não encontra comprador em um leilão, ela é listada como "devolvida" nos bancos de dados dos leilões e considerada "queimada" pelo mercado. Se a obra não é vendida de forma privada, poucas pessoas ficam sabendo. É por isso que alguns vendedores preferem a venda privada de seus troféus quando o mercado não está firme.