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Boston Scientific e Zimmer são acusadas de suborno no Brasil

Jef Feeley e Michelle Fay Cortez

15/12/2016 13h11

(Bloomberg) -- As fabricantes de aparelhos médicos americanas Boston Scientific e Zimmer Biomet Holdings são acusadas de subornar médicos brasileiros para usarem seus produtos como parte de um grupo de companhias conhecido no Brasil como "máfia das próteses".

Funcionários da Boston Scientific e da Zimmer pagaram propinas a médicos e distribuidores de aparelhos médicos para aumentarem ilegalmente sua participação de mercado no Brasil, afirmou a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que representa algumas seguradoras de saúde do país, em ação judicial aberta na quarta-feira no tribunal federal de Delaware, nos EUA.

O processo faz parte de uma onda de litígios contra fabricantes americanas de aparelhos gerada por uma investigação de 2015 do Congresso brasileiro enfocando a corrupção no setor de saúde do país. A venda de tecnologia médica perdeu força quando o Brasil entrou em sua pior recessão na história no início deste ano.

A Boston Scientific, que tem sede em Marlborough, Massachusetts, EUA, e fabrica desfibriladores e stents, e a Zimmer, que tem sede em Warsaw, Indiana, EUA, são acusadas de pagar propinas no Brasil pelo menos desde 2006, segundo a ação. A Zimmer é uma das maiores fabricantes mundiais de joelhos e quadris artificiais.

Kelly Leadem, porta-voz da Boston Scientific, e Monica Kendrick, porta-voz da Zimmer, não responderam imediatamente a mensagens enviadas por e-mail e telefone após o horário comercial para comentarem o assunto.

Ambas as empresas são acusadas na ação da Abramge de cobrarem preços inflados das seguradoras brasileiras por seus implantes e de destinarem até 40 por cento dos preços de venda dos aparelhos aos médicos.

A Abramge acusa a Boston Scientific, a Zimmer e outras fabricantes de aparelhos de usarem um sistema de propinas para inflar os preços dos produtos em todo o país e de influenciarem as escolhas dos médicos.

Funcionários da Boston Scientific usaram "propinas e presentes secretos" para convencer distribuidores brasileiros de aparelhos médicos a comprarem os implantes da companhia "a preços artificialmente elevados", argumenta a Abramge.

A companhia também pagou até US$ 189 mil em propinas a um grupo de médicos para que eles usassem stents da Boston Scientific e utilizou acordos de consultoria falsos para cobrir os pagamentos, acrescentou o grupo.

No caso da Zimmer, as propinas levaram os médicos a colocarem diversos aparelhos em pacientes nos quais um único implante poderia ter sido suficiente, afirma a Abramge.

"De forma similar, em alguns casos, médicos subornados implantaram aparelhos em pacientes que possivelmente não os necessitassem", diz a ação. "Isso permitia que o médico ou o hospital encomendassem mais aparelhos médicos e recebessem mais propinas."