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TP ICAP aposta em menor remuneração para melhorar margens

Will Hadfield

03/01/2017 15h13

(Bloomberg) -- A TP ICAP tem uma estratégia bem direta para aumentar o lucro depois de completar a aquisição de US$ 1,6 bilhão da unidade de corretagem da ICAP: pagar menos aos corretores, que deverão trabalhar mais.

A companhia, que emprega 3.425 corretores após a fusão entre a Tullett Prebon e a ICAP, planeja usar seu tamanho para combater uma das críticas mais persistentes ao pregão de viva voz: os seres humanos não podem competir com os mercados eletrônicos em preço. A nova empresa tem duas alternativas para reduzir as despesas com salários: contratar corretores mais jovens ou demitir os mais velhos.

Tanto a ICAP quanto a Tullett pagam a seus corretores mais da metade da receita gerada -- no caso da Tullett, cerca de 237 mil libras esterlinas (US$ 290.917) em salários e bônus por corretor. Somando os custos tecnológicos e de compliance, a corretagem de viva voz parece ser um negócio nem um pouco atraente.

Em sua última divulgação de resultados antes da venda, a ICAP informou que a margem de lucro para sua divisão de pregão de viva voz era de 14% e que sua coleção de mercados eletrônicos teve uma margem de 31%.

"Estamos abaixando essa porcentagem geral", disse Mihiri Jayaweera, chefe de estratégia da TP ICAP, em referência à taxa de remuneração dos corretores. "Queremos levar a remuneração dos corretores para um nível justo para todos os acionistas. Essa tendência para a remuneração dos corretores é algo que temos observado em todo o setor. Somos razoavelmente experientes em fazer isso da maneira certa."

Outros segmentos de serviços financeiros cortaram os salários de maneira constante depois da crise financeira de 2008. Os quatro maiores bancos de investimento da Europa reduziram o salário por empregado em 11% em média entre 2007 e 2015, de acordo com dados levantados pela Bloomberg.

"No momento em que você corta pessoas caras, não produtivas, os benefícios fluem diretamente para o resultado final", disse David Clark, presidente do conselho da Wholesale Markets Brokers' Association, um sindicato de corretores.

Os grandes corretores de viva voz tiveram uma longa espera depois da crise financeira antes de serem forçados a reduzir salários e bônus. A Tullett desfrutou de seu melhor ano em 2009 em termos de receita divulgada, impulsionada pela demanda de bancos que intensificaram as negociações para liquidar posições que estavam dando prejuízo.

A receita com pregões de viva voz caiu mais rapidamente quando órgãos reguladores dos mercados financeiros forçaram bancos a reservar mais capital em seus balanços, limitando sua habilidade de negociar ativos não líquidos que são os preferidos dos corretores de voz.

Os dois principais concorrentes da TP ICAP -- BGC Partners e Cie. Financière Tradition -- também querem reduzir os salários. O diretor financeiro da Tradition, François Brisebois, disse que a "consolidação pressionará a remuneração dos corretores em todo o setor, porém mais especificamente nas firmas que estão em fusão".

Nos períodos de bonança, os funcionários tinham a opção de migrar para uma empresa concorrente, levando seus clientes a tiracolo. A criação da TP ICAP significa que restam apenas três grandes empresas, o que limita as opções para os corretores descontentes.