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Fed pode enfrentar problema bem-vindo: crescimento mais rápido

Craig Torres e Christopher Condon

05/01/2017 10h10

(Bloomberg) -- Os integrantes do banco central americano não falavam sobre esse desafio há anos: a economia dos EUA pode começar a ficar mais veloz do que eles previam, obrigando-os a elevar os juros mais rapidamente.

A ata da reunião do Federal Reserve dos dias 13 e 14 de dezembro, divulgada na quarta-feira em Washington, mostrou que a autoridade monetária se prepara para um ambiente no qual a taxa de desemprego pode ficar consideravelmente abaixo do previsto, mantendo a estabilidade dos preços no longo prazo.

Isso pode forçar o banco central a subir a taxa básica de juros "mais rapidamente do que se antecipa atualmente" para manter a inflação sob controle.

A sombra que paira sobre o cenário de crescimento econômico mais acelerado é formada pelas propostas de reforma tributária e estímulo fiscal do presidente eleito Donald Trump, embora o nome dele não tenha sido citado na ata.

Quase todos os integrantes do comitê de política monetária "indicaram que os riscos de superação de suas projeções de crescimento econômico aumentaram como resultado da perspectiva de políticas fiscais mais expansivas nos próximos anos", afirmou a ata.

Dito isso, o registro da reunião deu poucas indicações diretas sobre quando será a próxima alta dos juros nos EUA. Em dezembro, o banco central subiu a taxa básica pela segunda vez em um ano e sinalizou que pode acelerar o ritmo de acréscimos para manter a inflação contida, elevando de dois para três o número de aumentos de 0,25 ponto percentual previstos para os juros em 2017.

"Há um pouco mais de convicção de que o estímulo fiscal que virá do governo Trump será positivo para crescimento e inflação e mais brevemente", disse Erik Weisman, economista-chefe da gestora global de ativos MFS Investment Management, em Boston. "Isso é surpreendente porque não sabemos qualquer detalhe a esta altura."

As autoridades precisam avaliar como a inflação vai responder à medida que a ociosidade restante desaparece do mercado de trabalho. As autoridades calculam o pleno emprego - ou seja, a taxa de desemprego consistente com o equilíbrio entre a oferta e a demanda de trabalhadores no longo prazo -- em 4,8%.

Ainda assim, estimam que uma taxa de crescimento de 2,1% em 2017 seria suficiente para empurrar a taxa de desemprego para 4,5% no último trimestre do ano. O desemprego nos EUA ficou em 4,6% em novembro.

Trajetória dos juros

"Se o aperto no mercado de trabalho levar ao aumento do salário médio por hora, isso terá um efeito maior sobre como o Fed vê a trajetória dos juros", disse Omair Sharif, economista sênior para os EUA do Société Générale, em Nova York. "Isso é mais relevante para o pensamento deles em 2017 do que o aspecto do pacote fiscal e seu eventual impacto sobre crescimento e inflação."

Algum aumento acima do esperado da inflação seria bem-vindo. O indicador de preços ao consumidor preferido pelo Fed teve alta em 12 meses de apenas 1,4% em novembro - completando 55 meses consecutivos em que o índice ficou abaixo da meta da instituição, de 2%.

A presidente do Fed, Janet Yellen, lembrou seu comitê de que o banco central tem um mandato duplo --estabilidade de preços e pleno emprego-- e que um mercado de trabalho apertado pode ajudar a empurrar a inflação para a meta.

A ata ressaltou isso: "Com a inflação ainda abaixo do objetivo do comitê, de 2%, notou-se que os riscos de a inflação ficar abaixo do previsto permaneceram e que uma taxa normal de desemprego de longo prazo moderadamente abaixo do previsto pode ajudar a inflação a retornar a 2%."