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Acordo Amazon-American Apparel agradaria fashionistas e Trump

Spencer Soper

06/01/2017 16h38

(Bloomberg) -- Por que a Amazon compraria uma empresa americana de roupas que já esteve duas vezes em falência e vem perdendo dinheiro há anos?

A pergunta está cada vez mais presente desde que saiu a notícia, na quarta-feira, de que a gigante virtual está estudando a possibilidade de fazer uma oferta pela American Apparel. A Amazon não confirmou o interesse em fazer um acordo, mas essa não é uma ideia sem pé nem cabeça para uma companhia com grandes aspirações no mundo da moda.

A American Apparel teve seus altos e baixos. Seu temperamental fundador, Dov Charney, foi afastado após ter sido acusado de ser um gestor errático e de assediar sexualmente as funcionárias. Mas a companhia continua sendo uma marca forte, com um vínculo duradouro com consumidores da geração Y, que gostam do estilo urbano da American Apparel - e fazem mais compras pela internet do que os pais.

As roupas são uma parte cada vez mais importante da unidade de varejo da Amazon. A companhia vem se aprofundando no mundo da moda com marcas próprias de roupas, como a linha de vestidos e moda praia Lark & Ro e os ternos da Franklin Tailored. Em 2009, a Amazon comprou a Zappos.com em uma transação em dinheiro e ações avaliada em cerca de US$ 850 milhões e permitiu que a loja virtual de sapatos continuasse funcionando de forma independente. Este é um modelo possível para a American Apparel, que talvez se torne uma entidade exclusivamente virtual se for adquirida pela Amazon.

"A Amazon tem dois pilares fundamentais de crescimento no varejo - roupas e mantimentos", disse Ed Yruma, diretor administrativo da KeyBanc Capital Markets. "Não vou calcular as probabilidades desse rumor específico, mas realmente acho que a Amazon será mencionada mais frequentemente como compradora de marcas de roupa."

Um benefício adicional da compra dessa loja: a American Apparel possui uma fábrica de roupas em Los Angeles. Isso posicionaria a Amazon para reagir às tendências da moda mais rapidamente que concorrentes que fabricam seus produtos no exterior - uma enorme vantagem nessa era de fast fashion.

Além disso, muitas marcas de roupa relutam em vender na Amazon porque têm medo que falsificadores encham o site de imitações, confundindo e irritando seus clientes. Com uma fábrica, a Amazon poderia produzir roupas parecidas e captar a clientela de marcas famosas, uma iniciativa que poderia acabar obrigando essas marcas a colocarem seus produtos à venda na Amazon.

Existe ainda uma outra possível vantagem. A fábrica emprega cerca de 4.000 pessoas e daria ao CEO da Amazon, Jeff Bezos, uma oportunidade de alardear sua bona fide no Made in USA. Não seria nada ruim, considerando que Donald Trump está prestes a se mudar para a Casa Branca.