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Até ex-CEO da Exxon abandonou grupo que nega mudanças climáticas

Eric Roston

12/01/2017 13h47

(Bloomberg) -- O secretário de Estado nomeado dos EUA, Rex Tillerson, discorreu brevemente sobre sua posição a respeito das mudanças climáticas na audiência de confirmação no Senado, em Washington, na quarta-feira. O ex-CEO de uma das maiores empresas de combustíveis fósseis do mundo reconheceu que o dióxido de carbono adicional está aquecendo o planeta, mas deixou no ar uma ambiguidade suficiente para manter as plataformas de petróleo operando.

Sua avaliação sobre o risco climático e a situação da confiança científica nas mudanças climáticas causadas pelo homem diferem das descrições mais autorizadas do problema, como os relatórios recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU, ou IPCC, que afirmam:

"É extremamente provável que a influência humana tenha sido a causa dominante do aquecimento global observado desde meados do século 20. A evidência disso cresceu, graças a mais e melhores observações, uma compreensão melhorada da resposta do sistema climático e melhores modelos climáticos."

Tillerson, 64, pareceu se distanciar um pouco da promessa do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de anular o Acordo de Paris, fechado por 195 países para reduzir as emissões globais. "É importante que os EUA mantenham seu lugar na mesa em relação à forma de combater a ameaça das mudanças climáticas, que exige uma resposta global", disse Tillerson. "Nenhum país resolverá isso sozinho." Não é impossível que um governo republicano apoie uma declaração como essa mesmo depois de abandonar o Acordo de Paris.

O ex-CEO da ExxonMobil preferiu não comentar as posições passadas da gigante do petróleo sobre as mudanças climáticas -- porque, disse aos senadores, não as conhece (apesar de ter trabalhado na empresa durante quatro décadas) e não desejava fazê-lo. Não se sabe ao certo se a ExxonMobil enfrentará sanções legais ou dos investidores devido às investigações sobre o que a empresa sabia e quando.

Mas as declarações refletem a evolução da ExxonMobil sobre o tema desde sua primeira pesquisa, quando Tillerson estava começando na empresa, até o fim dos anos 1990, quando os interesses dos combustíveis fósseis organizaram uma campanha para confundir a massa. Nos anos 1970 e 1980, memorandos internos da companhia ecoavam as conclusões da comunidade científica como um todo: de que o mundo está esquentando e que as emissões de CO2 são as prováveis culpadas, segundo investigações independentes realizadas em 2015 pelos veículos Inside Climate News e Los Angeles Times.

As nuances nas declarações de quarta-feira de Tillerson permitem que sua posição, sem detalhamento, signifique muitas coisas, por exemplo, seu comentário de que os modelos de computação que projetam possíveis caminhos para o clima têm valor limitado. "O risco de mudança climática existe e as consequências podem ser sérias o suficiente para justificar a tomada de uma ação", disse ele.