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Trump assume presidência dos EUA com divisões e sem lua de mel

Justin Sink

20/01/2017 10h15

(Bloomberg) -- Donald Trump faz o juramento de posse nesta sexta-feira, uma celebração da unidade americana em um país nada unificado.

Outros presidentes tomaram posse nas escadarias do Capitólio enfrentando guerras, calamidades econômicas ou conflitos sociais internos. Trump, o único presidente eleito sem nenhuma experiência em serviço público ou militar, enfrenta um desafio mais direto à sua liderança.

Ele é o primeiro presidente desde o início das pesquisas de opinião nacionais, no fim dos anos 1930, a tomar posse com a aprovação de menos da metade dos americanos -- neste caso, apenas 40 por cento, segundo a Gallup. Trump e seu partido no Congresso já estão em desacordo, especialmente em relação à questão do papel do governo russo em sua eleição. E os mercados financeiros, que subiram imediatamente após a eleição, recentemente começaram a esfriar.

Contudo, o novo presidente é um artista instintivo que repetidas vezes superou os que duvidaram dele na mais improvável das campanhas presidenciais. Ele leva à Casa Branca a poderosa fúria populista dos americanos brancos da classe operária que o elegeram. Ele é um mestre das redes sociais modernas e da distração política à moda antiga.

"Até o momento Donald Trump capitalizou seus pontos fortes", disse H.W. Brands, historiador presidencial da Universidade do Texas. "Ele é convincente, à sua maneira, e interpreta as coisas do jeito que quer. Quando você é o presidente a interpretação é muito menos importante."

Transição teatral

Trump até o momento entregou aos americanos uma transição presidencial que foi simultaneamente caótica, teatral e pomposa. Abandonando o costumeiro silêncio de um presidente eleito que se prepara para assumir o poder, Trump usou sua conta do Twitter como arma contra os adversários e como uma ferramenta de liderança sem precedentes.

A fragilidade do apoio público a Trump enfraquece sua influência com um Congresso que, embora nominalmente controlado pelo partido que ele lidera, se opõe a alguns de seus principais objetivos e está cheio de fissuras internas. Muitos congressistas republicanos estão pouco inclinados a dar a Trump o enorme projeto de lei de infraestrutura que ele defendeu, e menos ainda um projeto de lei substituto para a cobertura de saúde que satisfaça o desejo declarado dele de fornecer "seguro médico para todos".

Depois de tomar posse, Trump desfilará pela Avenida Pennsylvania e verá, detrás de vidros à prova de balas, a fanfarra da Velha Guarda do Exército dos EUA e bandas de secundaristas de pequenas cidades desfilando em sua homenagem até a Casa Branca. Depois, ele entrará no prédio como o 45o presidente do país.
Uma carta do seu antecessor estará esperando por ele na gaveta de sua mesa no Salão Oval e depois será o momento de começar a trabalhar. Nos próximos quatro anos, ele não será julgado por lucros ou prejuízos, por ratings de televisão ou pelos seguidores no Twitter, e sim pelo peso do padrão que ele mesmo estabeleceu no decorrer de uma longa campanha presidencial: a grandeza, não de Donald Trump, mas dos EUA.