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Cultura "masculina e branca" dos bancos é criticada no Reino Unido

Getty Images
Imagem: Getty Images

Suzi Ring

24/01/2017 14h05

(Bloomberg) -- A cultura "masculina e branca" da indústria financeira não está mudando rápido o bastante, segundo a chefe de supervisão do órgão regulador do setor no Reino Unido, que afirmou que o país provavelmente não verá uma CEO mulher em um grande banco pelo menos nos próximos cinco anos.

"É extremamente raro na minha vida profissional dialogar com um chefe de mesa de um banco de investimento ou com um chefe global de negócios que não seja um homem branco", disse Megan Butler, da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA, na sigla em inglês), no evento City & Financial Global's Women in Finance Summit, em Londres. "Eu considero isso cada vez um pouco mais difícil de aceitar."

Butler, que assumiu permanentemente o posto de chefe de supervisão da FCA em maio, disse que a falta de diversidade pode levar ao "pensamento de grupo", um dos problemas que provocaram a crise financeira de 2008. Embora a FCA não tenha chegado ao ponto de implementar cotas de gênero, segundo ela o órgão está pressionando as empresas por meio de discussões sobre remuneração e a respeito das nomeações de conselhos e de executivos seniores.

Quando começou a trabalhar no distrito financeiro de Londres, nos anos 1980, Butler era quase sempre a única mulher presente na sala. Agora, apesar de ela ter se tornado supervisora da maior parte das grandes empresas financeiras do Reino Unido, a situação não mudou muito.

"Durante 20 anos resisti completamente à ideia de estabelecer metas de gênero. Eu achava aquilo paternalista e insultante e não queria nenhuma mancha em nenhuma de minhas conquistas", disse Butler, que se qualificou como barrister em 1987, em entrevista após a conferência na Bloomberg, em Londres. "Mas eu olho para trás e vejo que não houve uma mudança importante e rápida o bastante."

Embora os CEOs muitas vezes sejam receptivos à ideia de melhorar a diversidade, o problema mais comum identificado é a falta de mulheres de nível sênior à disposição para promover. Um dos problemas são as "regras não escritas" sobre os horários do escritório e sobre a cultura social que impedem as mulheres com filhos de subir na hierarquia.

Alvo de críticas pela representatividade desigual das mulheres em Davos ao longo dos anos, o Fórum Econômico Mundial melhorou um pouco neste ano. Três dos cinco copresidentes da conferência eram mulheres e a porcentagem de participantes mulheres ficou acima de 20 por cento. Mas ainda estamos muito longe de ter uma mulher CEO de um grande banco, segundo Butler.

"Eu diria cinco anos, o que é um tempo terrivelmente longo", disse Butler. "E acho bastante deprimente dizer isso."