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Colômbia persegue 300 dissidentes das Farc

Matthew Bristow

26/01/2017 12h50

(Bloomberg) -- Os guerrilheiros colombianos dissidentes que se recusam a entregar suas armas se transformaram em "crime organizado puro" dedicado à produção de cocaína nas florestas do sul do país, segundo o governo.

A confusão e os atrasos na implementação do tratado de paz depois que os eleitores rejeitaram o acordo inicial podem ter minado o controle dos comandantes sobre seus subordinados, permitindo que a facção de mais de 300 indivíduos formada por ex-membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia se estabelecesse, disse o ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas.

"Se o comando e a coesão das Farc são mais fracos hoje, uma das causas são esses dois meses de atraso", disse Villegas em entrevista na quarta-feira, em Bogotá. "Com a incerteza, eles preferiram o dinheiro fácil do tráfico de drogas."

A maioria pró-tratado das Farc, que segundo Villegas representa cerca de 95 por cento da força total, está se deslocando para regiões nas quais entregará suas armas a uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU). O governo estimou que o fim do conflito impulsionará o crescimento econômico em 1 ponto percentual ou mais por ano.

Villegas afirmou que no momento há uma ofensiva militar em andamento contra os dissidentes e que nesta semana o Exército capturou um esconderijo de explosivos e armas. Encontrou também uma tonelada de cocaína que afirma estar ligada ao grupo, liderado por ex-comandantes de nível médio conhecidos como "Gentil Duarte" e "John 40".

Esses líderes são motivados pelos lucros obtidos com a cocaína, e não por qualquer diferença ideológica com o bloco principal das Farc, segundo Villegas. No início do mês, as autoridades disseram que estavam investigando relatos de um confronto letal entre grupos leais e dissidentes das Farc no sul do país.

Maior desafio

Evitar que antigas áreas das Farc sejam tomadas por outros grupos armados é "o maior desafio [da era] pós-conflito", disse Villegas. Boa parte da produção de coca, matéria-prima da produção da cocaína, está concentrada em antigas áreas das Farc e o grupo utilizou dinheiro do comércio para financiar sua insurgência, que começou em 1964.

O governo fechou um novo acordo com as Farc em novembro depois que os eleitores surpreenderam e bloquearam o acordo anterior em plebiscito realizado em 2 de outubro. Após alterações, o acordo foi aprovado pelo Congresso sem ser colocado em uma segunda votação nacional.

A produção de coca provavelmente cresceu no ano passado, disse Villegas, que não quis especular a proporção do aumento. Entre outras razões, a expansão ocorreu porque as Farc incentivaram os agricultores a cultivarem coca na esperança de conseguir subsídios e programas do governo após o fim do conflito, disse ele.

A Colômbia produz mais coca do que o Peru e a Bolívia juntos, segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, e é a maior fornecedora de cocaína para os EUA. A produção aumentou em 2015, atingindo seu nível mais alto desde 2007.