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África do Sul planeja cota para exportação de ossos de leões

Renee Bonorchis

27/01/2017 15h41

(Bloomberg) -- O Departamento de Assuntos Ambientais da África do Sul planeja estabelecer uma cota anual para a exportação de esqueletos de leões criados em fazendas e não autorizará a venda enquanto não houver um limite em vigor.

A autorização de exportação será concedida apenas quando alguma autoridade científica tiver informado que a atividade não será prejudicial para a sobrevivência das espécies, disse Albi Modise, porta-voz do departamento, na terça-feira, em resposta a perguntas, acrescentando que a proposta é exportar 800 esqueletos. Ele afirmou que a cota de exportação de leões em cativeiro pode ajudar a prevenir a caça de leões selvagens em um momento de aumento da demanda após iniciativas de países como Índia e Rússia para maior proteção dos tigres.

"O comércio bem regulado permitirá que o departamento monitore uma série de questões, incluindo o possível impacto sobre as populações selvagens", disse Modise. A proposta da cota será enviada à Convenção das Nações Unidas sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagem em Perigo de Extinção.

Queda populacional

Restam 20.000 leões na África, 43 por cento menos que há duas décadas, e apenas seis países abrigam populações de mais de 1.000 animais, informaram as organizações Panthera, WildAid e Wildlife Conservation Research Unit em um relatório, no ano passado. Juntos, Botsuana, Namíbia, África do Sul e Zimbábue abrigam quase um terço dos leões do continente e a espécie está extinta em pelo menos 15 países africanos. Os ossos de leão, que podem substituir os ossos de tigres, são usados em países do Leste Asiático, inclusive na China, como remédios medicinais que tratariam uma série de doenças, da insônia à osteoporose.

"A Four Paws se opõe à recomendação do Departamento de Assuntos Ambientais", disse Fiona Miles, diretora do grupo conservacionista Four Paws South Africa no país. Segundo ela, para proteger a espécie se faz necessária a "suspensão total do comércio de leões criados em cativeiro e de seus ossos" e o fim da criação de leões em cativeiro.

Os leões africanos estão classificados como "vulneráveis" na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza. Um relatório da WildCRU estimou que a África do Sul possui mais de 9.000 leões e que cerca de um terço deles vaga livremente pelas reservas, enquanto o restante vive em cativeiro em fazendas. No total, 1.160 esqueletos de leões foram exportados legalmente pela África do Sul entre 2008 e 2011 após o reforço das regulações sobre a caça de leões criados em cativeiro, segundo relatório conjunto das organizações de defesa dos leões Panthera, WildAid e WildCRU.

A cota deve ser de mais de 800 esqueletos e o comércio não representa nenhuma ameaça para os leões selvagens e na verdade diminui o perigo para eles, afirmou Carla van der Vyver, CEO da Associação Sul-Africana de Predadores, que representa os criadores de leões, em resposta a perguntas, por e-mail.

"Se há uma oferta regulada e consistente a um preço razoável, reduz-se a probabilidade de os comerciantes ilegais aproveitarem a oportunidade de abastecer o mercado a preços que fazem o comércio ilegal valer a pena", disse ela.