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Mais austera, América Latina elimina subsídios a combustíveis

Sabrina Valle

27/01/2017 10h38

(Bloomberg) -- As maiores economias da América Latina estão eliminando os caros subsídios aos combustíveis em uma mudança rumo à austeridade fiscal, que ocorre no rescaldo da queda das commodities.

Brasil, Argentina e México recentemente se uniram à Colômbia e colocaram os preços nas bombas nos níveis internacionais, ou próximo disso, em decisão que, segundo a Moody's Investors Service, gera impacto indireto positivo sobre a percepção de risco porque melhora a situação fiscal dos países. Até o momento as políticas estão sobrevivendo às manifestações de rua no México e aos baixos índices de aprovação no Brasil.

As produtoras estatais Petrobras e YPF registraram aumentos nos valores de suas ações cortando os subsídios que os governos anteriores usavam para conter a inflação e estimular a economia. As decisões fazem parte de uma tendência mais ampla, na qual vários líderes latino-americanos estão revertendo anos de políticas econômicas populistas para frear déficits fiscais e restaurar a confiança em suas economias.

"Esses países estão sob uma enorme pressão fiscal e estão reagindo a isso", disse Samar Maziad, analista de títulos soberanos da Moody's.

O presidente Mauricio Macri tornou a economia da Argentina mais competitiva desde que assumiu em 2015. O aumento de 8 por cento nos preços da gasolina neste mês contribuiu para a alta recente das ações da YPF, que tem sede em Buenos Aires, e os papéis atingiram o maior patamar em mais de um ano. A Argentina caminha para a completa liberalização dos preços até 2018. A YPF preferiu não comentar sobre o preço de suas ações.

O México elevou os preços em cerca de 20 por cento neste mês após abrir o monopólio da estatal Petróleos Mexicanos à concorrência estrangeira. O governo prometeu eliminar completamente os subsídios ao combustível no decorrer do ano. O chamado "gasolinaço" gerou protestos por todo o país, o que complicou a distribuição de combustível e deixou o índice de aprovação do presidente Enrique Peña Nieto em uma mínima histórica de 12 por cento. O México planeja outro aumento do preço dos combustíveis em 4 de fevereiro.

No Brasil, onde os subsídios drenaram um total estimado em US$ 40 bilhões da Petrobras entre 2011 e 2014, o presidente da empresa, Pedro Parente, tem mostrado maior independência em relação ao governo para fixar os preços dos combustíveis. Com Parente, a companhia estabeleceu uma nova metodologia de preço em outubro e implementou cinco ajustes desde então.

A Petrobras reduziu os preços da gasolina e do diesel em 1,4 por cento e 5,1 por cento, respectivamente, a partir da sexta-feira, em resposta à valorização do real em relação ao dólar. Em resposta enviada por e-mail, a empresa informou que os preços domésticos continuarão acima dos níveis internacionais.

"A Petrobras precisa travar sua política de preços para os combustíveis domésticos para reduzir a ansiedade do mercado em relação às mudanças de preços", disse Filipe Gouveia, analista de petróleo do Bradesco BBI, em relatório de 17 de janeiro.