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Este é o carro elétrico que vai desbancar a Tesla?

Brett Berk

16/02/2017 13h47

(Bloomberg) -- Aqui, no estacionamento de uma propriedade de US$ 55 milhões em Newport Beach, desde que subimos na parte traseira do Lucid Air para um passeio, já estávamos céticos.

Por baixo da capa de camuflagem estilo Jackson Pollack, o protótipo da marca com sede na Califórnia tem a silhueta futurista que vimos nas fotos, mas praticamente não tem interior. Há apenas alguns painéis de metal descobertos, nada de estrutura à prova de som e um assento de vinil. O prometido luxo que é o argumento de venda da marca não está presente, não há telas para o banco traseiro, nenhum casulo reclinável cromado com couro, madeira e feltro de lã pensado para dar ao Air a sensação de uma cabine de primeira classe de avião.

Mas estamos dispostos a fazer vistas grossas quando o motorista do teste, um piloto do Campeonato Mundial de Rally, pisar no acelerador.

Sim, este carro de teste carece de grande parte do peso que o sedã acabado terá (essa carroceria temporária é feita de painéis de fibra de carbono, que são fáceis de produzir e substituir, e não de alumínio e aço), mas também conta com apenas metade dos 1.000 cavalos que o veículo de série conseguirá com seu conjunto de bateria de 130 kWh integrado ao assoalho. Quando o motorista pisa no acelerador, ficamos literalmente grudados nos nossos assentos.

O Lucid Air pode ainda não estar pronto para produção, e considerando os caprichos da startup de veículos elétricos, é possível que ele nunca chegue lá (custa mais de US$ 1 bilhão para uma empresa estabelecida como a General Motors desenvolver um novo carro. Imagine quanto custa se você não possui fábrica, trabalhadores, cadeia de abastecimento, relação com as agências regulatórias nem tecnologia estabelecida). Mas ele tem a nossa atenção.

Se tudo sair conforme o plano e o Air chegar às ruas em 2019, a Lucid afirma que o sedã, que será vendido a seis dígitos em dólares (especula-se que custará US$ 160.000), vai acelerar como um supercarro, de zero a 60 milhas por hora (96 km/h) em 2,5 segundos, terá 640 quilômetros de autonomia em cada recarga e ostentará recursos de assistência à direção, como radar, tecnologia lidar e câmeras que o deixarão pronto para funcionar de forma completamente autônoma -- aquela em que o motorista é praticamente irrelevante. Este é o sonho pelo qual empresas como a Tesla e outras startups, como a Faraday Future (cujo bilionário investidor Jia Yueting também investiu na Lucid), estão trabalhando.

O Air precisará de todas as distinções e propostas de venda únicas que puder reunir em 2019, não apenas porque competirá com os veículos da próxima geração da líder da categoria, a Tesla, mas porque marcas esportivas e de luxo consolidadas, como Mercedes-Benz, Porsche, Jaguar e Aston Martin, lançarão seus próprios sedãs e SUVs de luxo puramente elétricos, com preços similares, ao mesmo tempo ou quase. E todas essas empresas têm várias outras fontes de receita nas quais confiar se seus veículos elétricos não encontrarem compradores imediatamente, um luxo que a Lucid não possui.