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Credit Suisse assessora europeus ricos preocupados com eleições

Jeffrey Voegeli e Jan-Henrik Foerster

21/02/2017 12h12

(Bloomberg) -- O Credit Suisse Group observa aceleração do private banking na Europa, com clientes abastados pedindo ajuda para proteger suas fortunas dos choques provocados por resultados eleitorais.

"Os clientes precisam de conselhos" sobre como administrar a incerteza política, disse Iqbal Khan, responsável por gestão internacional de fortunas, durante entrevista na sede do banco em Zurique. "Eu espero uma retomada da lucratividade na Europa."

No ano passado, eventos como a votação pela saída do Reino Unido da União Europeia fizeram com que investidores relutassem em aplicar em produtos que geram comissões para o banco. Embora os ativos dos clientes tenham aumentado, a tendência foi mais acentuada na Europa, única região com queda na receita gerada pela gestão de fortunas, disse Khan.

Essa relutância de pessoas muito ricas na hora de aplicar dinheiro complicou o plano de reestruturação do banco, cujo lucro depende da gestão de fortunas. Após um ano do início do processo de reestruturação, em dezembro, o Credit Suisse foi obrigado a reduzir duas das três metas de lucro, inclusive para a nova unidade comandada por Khan.

Agora, a meta dele é de lucro antes dos impostos de 1,8 bilhão de francos (US$ 1,8 bilhão) em 2018, comparado ao objetivo anterior de 2,1 bilhões de francos. O alcance dessa meta depende muito da geração de taxas de retorno melhores na Europa, onde o Brexit atiçou o sentimento contra a União Europeia antes de eleições na França, Holanda, Alemanha e, possivelmente, Itália.

Aversão a risco

Para este ano, Khan projeta crescimento de 3 por cento a 4 por cento em novos ativos líquidos na Europa Ocidental, maior fonte de dinheiro de clientes na unidade dele, que administrava 107 bilhões de francos no final do terceiro trimestre de 2016. O valor representa aproximadamente um terço do total de fortunas administradas pela operação, que também atua na América Latina, no Oriente Médio, na África e em mercados emergentes do Leste Europeu. Algumas operações de private banking também são realizadas a partir da Suíça e da região Ásia-Pacífico.

"A Europa tem um dos maiores contingentes de fortuna, mas é um contingente diferente dos mercados emergentes", afirmou Khan. A Europa "deve ter alta lucratividade" porque apresenta menos riscos do que outras partes do mundo.

Gente com mais de 50 milhões de francos sob gestão ou fortuna total superior a 250 milhões de francos representa aproximadamente 45 por cento dos ativos sob gestão na Europa. Incerteza é uma injúria para esses investidores riquíssimos, que desistem de retorno em favor de risco menor.

Na semana passada, o presidente do Credit Suisse, Tidjane Thiam, relatou que a instituição está usando suas habilidades de banco de investimento para elaborar soluções complexas para ajudar clientes riquíssimos a administrar riscos. Cortes de custos e investimentos em tecnologia e pessoal também devem ampliar os lucros, disse Khan. As despesas na unidade dele se mantiveram estáveis no ano passado, após ajuste para custos com litígio e reestruturação.

"Nós refizemos a base de toda a estrutura de custos na Europa", afirmou Khan. "Criamos uma base mais alta em termos de volume de negócios e espero ver a recompensa em 2017."

O total de ativos sob gestão na unidade disparou 12 por cento no ano passado, sendo que o dinheiro novo líquido aumentou 4 por cento na Europa Ocidental depois que Khan substituiu aproximadamente 180 gerentes de relacionamento. O número de assessores caiu de 1.180 há um ano para 1.140, enquanto o quadro de pessoal da divisão cresceu 6 por cento para 10.300 funcionários.