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Terrorismo afasta turistas de grandes centros e lota Tenerife

Benjamin Katz

21/02/2017 14h34

(Bloomberg) -- Os donos de hotéis das Ilhas Canárias, na Espanha, estão sendo incentivados a acelerar a construção de novas instalações turísticas em um momento em que uma onda de ataques terroristas no Mediterrâneo está levando as empresas aéreas a transferirem capacidade para mercados considerados mais seguros pelos turistas.

Tenerife, a maior ilha e a mais popular entre os turistas, efetivamente ficou sem leitos no inverno e a escassez geral de acomodações elevou os preços dos quartos em até 15 por cento, segundo Sophie Dekkers, gerente regional da empresa aérea de baixo custo EasyJet no Reino Unido. O aumento deverá continuar no verão, disse ela.

A posição das Ilhas Canárias, ao largo da costa atlântica do Marrocos, transforma o arquipélago em destino turístico durante o ano todo para os europeus do norte que gostam de sol e em candidato natural a receber voos extras após os ataques ocorridos no Norte da África, na Turquia e na Riviera Francesa. A EasyJet tem negociado também com o Conselho de Turismo grego para estender a temporada de turismo do país, enquanto a operadora turística Thomas Cook Group está ampliando sua capacidade em mercados como Bulgária, Croácia, Chipre e Portugal.

"Estamos trabalhando muito de perto com o governo das Ilhas Canárias para falar sobre a aceleração dos projetos de hotéis", disse Dekkers, em entrevista concedida no aeroporto de Gatwick, em Londres, onde a EasyJet, uma empresa com sede em Luton, Inglaterra, mantém seu maior hub. "Sabemos que a demanda está lá. Vamos garantir a construção dos hotéis, garantir que eles recebam apoio para serem concluídos."

Expansão nos Bálcãs

A EasyJet também está avaliando novas rotas para as Ilhas Canárias com foco em áreas menos conhecidas dos britânicos. Entre elas estão a ilha de La Palma, na parte noroeste do arquipélago, que hoje é atendida apenas a partir do aeroporto Gatwick e normalmente atrai mais turistas alemães, e Tenerife Norte, localizada do outro lado da ilha, longe dos grandes resorts e atualmente mais popular entre os visitantes espanhóis.

Assim como a Thomas Cook e a TUI, a empresa aérea de baixo custo planeja uma expansão nos Bálcãs, ampliando a frequência para a Croácia, criando uma nova rota para Montenegro e avaliando voos do Reino Unido para a Bulgária. A empresa também está analisando os níveis de serviço para alguns resorts turcos de praia nos quais a demanda pode estar começando a se recuperar porque a preocupação dos viajantes se concentra mais nas grandes cidades.

O Reino Unido, que responde por cerca de 40 por cento das receitas da EasyJet, atualmente exige um crescimento de um dígito alto, disse Dekkers. Embora esteja em linha com as demais operações da empresa aérea, o resultado está um pouco abaixo dos resultados dos anos anteriores, quando o Reino Unido tendia a compensar a expansão mais lenta em outras partes, disse ela.

As viagens internas não têm sido tão fortes quanto se esperava inicialmente com a queda da libra após a decisão do país, em referendo realizado em junho, de deixar a União Europeia, transformando o Reino Unido em um destino mais barato para os turistas. Isso sugere que os viajantes de outros estados da UE sentem que serão menos bem-vindos ou que o temor a ataques em Londres são um obstáculo, disse Dekkers.

A venda de passagens para o próximo inverno no Hemisfério Norte começa no mês que vem e deverá indicar se a queda dos preços das tarifas está começando a diminuir e se as empresas aéreas estão começando a limitar a oferta de assentos, disse ela.